Textos

A Graça de Deus e a Liberdade do Homem 7 Ago. 2014
O homem é cioso da sua dignidade e da sua autonomia. Tem razão. Mas tem igualmente de entender que esta dignidade e esta autonomia não são a de um deus solitário.
O homem tem uma história pessoal e vive a aventura colectiva da História. Cada homem nasce desprotegido e os mecanismos instintivos não chegam para assegurar a sua sobrevivência e maturação. Tem de ser alimentado; precisa de receber carinho; tem de aprender a caminhar e a vestir-se; tem de ser introduzido na maneira de viver da comunidade a que pertence. Sobretudo, precisa de receber amor, e feliz dele se este amor lhe é dado por seres humanos equilibrados e felizes.
Ainda em criança aprende que é preciso fazer escolhas, embora não possa escolher tudo o que lhe passe pela cabeça. Não pode querer a Lua. Não pode fazer que um dia de inverno deixe de ser frio, embora possa, em geral, vestir mais roupa ou ir para o pé dum radiador. Infelizes das crianças a quem não deixam fazer escolhas, infelizes das crianças a quem deixaram escolher tudo. A liberdade e a finitude têm de começar a ser experienciadas muito cedo.
Depois, ao longo da adolescência, vai aprender que vida do homem não se mede apenas pelo calor ou pelo frio, pela fome, pelo dinheiro, pela satisfação do que apetece. Vai aprender que há comportamentos honestos e comportamentos desonestos, há generosidade e há egoísmo, não é estúpido “perder” dinheiro ou tempo para ajudar alguém. Vai aprender que o outro ser humano não é apenas um concorrente nem uma peça no meu jogo. Vai aprender que é possível e bom encontrar seres humanos generosos, em que é possível confiar. Vai aprender que é p...