Audiência-geral: «O Espírito, a consolação e o Evangelho na Europa»

Na décima quarta catequese sobre o Livro dos Atos dos Apóstolos o Papa Francisco refletiu sobre "a vinda do Evangelho para a Europa através da Macedónia". Perante as aventuras e desventuras de Paulo e de Silas o Papa convidou os presentes a "redescobrirem a consolação e a desolação"  na vida dos apóstolos que se deixam "guiar pelo Espírito Santo" o verddeiro "protagonista da Missão".

Leia, na íntegra e em português a catequese do Papa Francisco

Catequese sobre os Atos dos Apóstolos - 14. «Passa à Macedónia e vem ajudar-nos!» (Atos 16, 9). A fé cristã chega à Europa

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Lendo os Atos dos Apóstolos, vemos como o Espírito Santo é o protagonista da missão da Igreja: é ele quem guia o caminho dos evangelizadores, mostrando-lhes o caminho a seguir.

Vemos isso claramente quando o apóstolo Paulo, tendo alcançado Tróade, recebe uma visão. Um macedónio implora: " Passa à Macedónia e vem ajudar-nos " (Atos 16, 9). O povo do norte da Macedónia tem orgulho nisto, tão orgulhoso de ter chamado Paulo para que fosse Paulo a anunciar Jesus Cristo. Lembro-me de tanta gente bonita que me acolheu com tanto carinho: guarda esta fé que Paulo lhes pregou! O apóstolo não hesitou e partiu para a Macedónia, certo de que era o próprio Deus quem o enviava, e chegou a Filipos, «colónia romana» (Atos 16,12) no caminho Inácia, para pregar o Evangelho. Paulo permanece ali vários dias. Há três acontecimentos que caracterizam a sua estadia em Filipo, durante os três dias: três acontecimentos importantes. 1) A Evangelização e batismo de Lídia e da sua família; 2) a prisão que ele sofre, juntamente com Silas, depois de ter exorcizado uma escrava explorada pelos seus senhores; 3) a conversão e o batismo do seu carcereiro e da sua família. Vejamos estes três episódios na vida de Paulo.

O poder do Evangelho é dirigido, antes de tudo, às mulheres de Filipos, em particular a Lídia, uma comerciante de púrpura, da cidade de Tiatira, crente em Deus a quem o Senhor abre o seu coração «para aderir às palavras de Paulo» (Atos 16, 14). Lídia, de facto, acolhe Cristo, recebe o batismo juntamente com a sua família e acolhe aqueles que são de Cristo, recebendo Paulo e Silas em sua casa. Aqui temos o testemunho do desembarque do cristianismo na Europa: o início de um processo de inculturação que dura até hoje. Ele entrou pela Macedónia.

Depois do calor experimentado na casa de Lídia, Paulo e Silas veem-se a lidar com a dureza da prisão: passam do consolo desta conversão de Lídia e da sua família para a desolação da prisão, onde são atirados por terem libertado, em nome de Jesus, «um escravo que tinha um espírito de adivinhação» e «que trouxera muito ganho aos seus senhores» com o negócio da adivinhação (Atos 16,16). Os seus senhores ganharam tanto e esta pobre escrava fazia aquilo que é próprio dos adivinhos: ela adivinhava o futuro, lia as mãos - como a música diz: "toma esta mão, cigana", e por isto as pessoas pagaram. Ainda hoje, queridos irmãos e irmãs, há pessoas que pagam por isto. Lembro-me na minha diocese, num parque muito grande, com mais de 60 mesas onde havia adivinhos e adivinhos, que liam as mãos e as pessoas acreditavam nestas coisas! E pagavam. E isto também aconteceu na época de São Paulo. Os seus patrões, como retaliação, denunciaram Paulo e levaram os apóstolos aos magistrados com acusações de desordem pública.

Mas o que aconteceu? Paulo está na prisão e durante a sua prisão acontece, no entanto, um acontecimento surpreendente. Está em desolação, mas em vez de reclamar, Paulo e Silas cantam um louvor a Deus e este louvor liberta um poder que os liberta: durante a oração, um terramoto sacode os alicerces da prisão, as portas abrem-se e as correntes de todos caem (cf. Atos 16,25-26). A oração de Pentecostes, mesmo a que é feita na prisão, provoca efeitos prodigiosos.

O carcereiro, acreditando que os prisioneiros haviam fugido, estava prestes a cometer suicídio, porque os carcereiros pagavam com as suas vidas a fuga de um prisioneiro; mas Paulo grita para ele: "Estamos todos aqui!" (Atos 16, 27-28). Então ele pergunta: «O que devo fazer para ser salvo?» (V. 30). A resposta foi: «Acredita no Senhor Jesus, e tu e a tua família serão salvos» (v. 31). Neste ponto acontece a mudança: no coração da noite, o carcereiro ouve a palavra do Senhor juntamente com a sua família, acolhe os apóstolos, lava as feridas - porque foram espancados - e junto com os seus recebe o batismo; depois, «cheio de alegria com todos os seus por haver acreditado em Deus» (v. 34), prepara a mesa e convida Paulo e Silas para ficar com eles: o momento da consolação! No meio da noite detse carcereiro anónimo, a luz de Cristo brilha e derrota as trevas: as correntes do coração caem e uma alegria nunca sentida nele e na sua família. Assim, o Espírito Santo está a cumprir a missão: desde o princípio, a partir do Pentecostes, Ele é o protagonista da missão. E leva-nos adiante, precisamos ser fiéis à vocação que o Espírito nos leva a fazer. Levar Evangelho.

Também hoje pedimos ao Espírito Santo um coração aberto, sensível a Deus e hospitaleiro para com os irmãos, como o de Lídia, e uma fé ousada, como o de Paulo e Silas, e também uma abertura de coração, como a do carcereiro que se deixa tocar pelo Espírito Santo.

Tradução Educris a partir do original em italiano|31.10.2019



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