Audiência-geral: «Missa é o memorial do Mistério Pascal de Cristo»

Na manhã desta quarta-feira o Papa Francisco encontrou-se na praça de São pedro com milhares de peregrinos para a tradicional audiência-geral das quartas-feiras.

A terceira catequese sobre a eucaristia teve como tema «Missa é o memorial do Mistério Pascal de Cristo».

 

Caros Irmãos e Irmãs, Bom dia!

Continuando com as Catequeses sobre na Missa, podemos nos questionar-nos: o que é, no essencial, a Missa? A missa é o memorial do mistério pascal de Cristo. Ela é participantes da sua vitória sobre o pecado e a morte e dá um significado total à nossa vida.

Por isto, para compreender o valor da Missa, devemos antes de mais entender o significado bíblico de "memorial". Este não se refere «o memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus fez pelos homens (188). Na celebração litúrgica destes acontecimentos, eles tomam-se de certo modo presentes e atuais. É assim que Israel entende a sua libertação do Egipto: sempre que se celebrar a Páscoa, os acontecimentos do Êxodo tornam-se presentes à memória dos crentes, para que conformem com eles a sua vida.» (Catecismo da Igreja Católica, 1363). Jesus Cristo, com a sua paixão, morte, ressurreição e ascensão ao céu, completou a Páscoa. E a Missa é o memorial da sua Páscoa, do seu "êxodo", que ele realizou por nós, para fazer sair da escravidão e introduzir na terra prometida da vida eterna. Não é apenas uma recordação, não, é muito mais: é fazer presente aquilo que aconteceu há vinte séculos atrás.

A Eucaristia leva-nos sempre ao vértice da ação salvador de Deus: o Senhor Jesus, fazendo-se pão partido para nós, derrama sobre nós toda a sua misericórdia e amor, como fez na cruz, para renovar o nosso coração, a nossa existência e o nosso modo de nos relacionarmos com ele e com os nossos irmãos. O Vaticano II diz: "Sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz, na qual «Cristo, nossa Páscoa, foi imolado» (1 Cor. 5,7), realiza-se também a obra da nossa redenção. (Cost. dogm. Lumen gentium, 3)

Toda a celebração da Eucaristia é um raio daquele sol sem pôr-do-sol e que é Jesus ressuscitado. Participar na Missa, especialmente ao domingo, significa entrar na vitória do Ressuscitado, sendo iluminado pela sua luz, aquecido pelo seu calor. Através da celebração eucarística, o Espírito Santo torna-nos participantes da vida divina que é capaz de transfigurar todo o nosso ser mortal. E na sua passagem da morte para a vida, do tempo para a eternidade, o Senhor Jesus também nos arrasta com Ele para fazer a Páscoa. A missa faz-se Páscoa. Nós, na Missa, estamos com Jesus, morto e ressuscitado, e Ele leva-nos para diante, para a vida eterna. Na Missa, estamos unidos a Ele, e Cristo vive em nós e nós vivemos nele. «Eu fui crucificado com Cristo», diz São Paulo, «vivo, mas não sou mais eu, é Cristo que vive em mim. Pois a minha vida presente na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim» (Gl 2, 19-20). Assim pensava Paulo.

O seu sangue, de facto, liberta da morte e do medo da morte. Liberta não somente do domínio da morte física, mas da morte espiritual que é o mal, o pecado, que nos prende todas as vezes que caímos vítimas do nosso pecado ou dos outros. E então a nossa vida fica como que inquinada, perde beleza, perde significado, esmorece.

Cristo, pelo contrário, dá-nos novamente a vida; Cristo é a plenitude da vida, e quando enfrentou aniquilou-a para sempre: «Ressuscitando destruir a morte e renovou a vida» (Oração Eucarística IV). A Páscoa de Cristo é a vitória final sobre a morte porque Ele transformou a sua morte em supremo ato de amor. Ele morreu por amor! E na Eucaristia, Ele quer comunicar esse amor pascal e vitorioso. Se o recebemos com fé, também nós podemos realmente amar a Deus e ao próximo, podemos amar como Ele nos amou, dando a vida.

Se o amor de Cristo está em mim, posso entregar-me plenamente ao outro, com a certeza interior de que, se o outro me magoar eu não morrerei; caso contrário, deverei defender-me. Os mártires deram as suas próprias vidas por esta certeza da vitória de Cristo sobre a morte. Somente se experimentarmos este poder de Cristo, o poder do seu amor, estamos verdadeiramente livres para nos darmos sem medo. Isto é a Missa: entrar nesta paixão, morte, ressurreição, ascensão de Jesus; Quando vamos à missa, é como se estivéssemos a ir para o calvário, ali mesmo. Mas pensai vós: se nós, no momento da missa vamos ao calvário - pensemos com imaginação - sabemos que aquele homem ali é Jesus. Mas, permitimos, ainda assim, conversar, tirar fotos, fazer um pequeno espetáculo? Não! Porque é Jesus! Nós certamente ficaríamos em silêncio, chorando, e até mesmo pela alegria de sermos salvos. Quando entramos na igreja para celebrar a Missa, pensemos nisto: entro no calvário, onde jesus dá a vida por mim. E assim o desaparece o espetáculo, as fofoquices, os comentários e as coisas que nos deixam longe desta realidade tão bela que é a missa, o triunfo de Jesus.

Penso que agora seja mais claro o modo como a Páscoa está presente e ativa sempre que celebramos a Missa, isto é, o sentido do memorial. A participação na Eucaristia faz-nos entrar no mistério pascal de Cristo, doando a passagem com ele da morte à vida, isto é, no calvário. A Missa é voltar ao calvário, não é um espetáculo.

 Tradução Educris a partir do original em italiano



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