Braga/Educação: Metodologias ativas para a aprendizagem

Especialista em ciência da educação apontou algumas das alterações da relação aluno-professor no século XXI e a evolução das ciências que permitem ajudar a “manter a atenção do aluno” em sala de aula a partir de “jogos e apps educativas”.

Ana Amélia Carvalho, da faculdade de psicologia e ciências da educação na Universidade de Coimbra apresentou, no «Do Clique ao Toque», o tema «Ser professor no século XXI: desafios da era da mobilidade».

Aos professores a docente começou por apresentar “algumas das evoluções tecnológicas do século XXI” e que levaram à alteração do Humano:

“Podemos questionar-nos sobre o que vai ser o futuro da educação e o que farão os nossos alunos, mas devemos perceber que o futuro já chegou. Temos tido muitas evoluções tecnológicas e isso alterou o modo como «ser professor» se faz percecionar”.

“Temos que perceber, desde a formação inicial, que o papel do docente se alterou nos últimos anos e a própria UNESCO aconselha o uso de novos recursos digitais, como os smartphones em sala de aula porque vai ao encontro dos interessentes dos alunos e faz diferença, desde que utilizados com parcimónia”.

Sobre os alunos de hoje a docente lembrou que a vida “dos mais novos não é nada fácil hoje”:

“Se recuarmos alguns anos vemos que o verdadeiro ‘bombardeamento’ informativo não existia. Hoje estão conectados e isso faz parte das suas prioridades e necessidades bases. Isto acontece porque senão enviarem mensagens, se não atualizarem redes sentem que se tornam invisíveis”.

A especialista apontou “aspetos positivos desta cultura” que “permite ter acesos rápido a muita informação e temáticas”, mas algumas dificuldades “em aprofundar os conhecimentos e a não dispersarem o foco com tanta facilidade”.

A Escola mudou: Flexibilizar o espaço e planificar com estratégias atuais

Durante séculos o professor orientou os trabalhos em sala, mesmo ao nível de posicionamento do professor, planificação de aula e no modo como se entendia o professor como um concentrador de conhecimento:

“Desde o estrado de madeira, que o coloca noutro plano, até ao posicionamento das mesas, passando pela planificação e por uma passagem do conhecimento maioritariamente oral e silenciosa”.

Hoje a “a escola mudou” e o próprio professor “quer hoje manter os alunos interessados em sala de aula e ‘ligados’ à aula”.

“O problema da atenção existe. Temos então que recorrer a estratégias que permitam maior número de tempos de atenção. Hoje sabemos que a capacidade de atenção é variável e não ultrapassa os 10 a 15 minutos. Cabe ao professor ir alterando as atividades, usando dispositivos móveis, não correndo o risco de os considerar uma espécie de ‘panaceia’ para todos os males. A utilização de metodologias ativas pode concorrer para uma aula mais produtiva”, apontou.

 

Metodologias ativas: como usar em sala de aula

Na segunda parte da sua apresentação a professora lembrou que em 50 minutos de aula é ideal mudar “2 a 3 vezes” o estilo de aula:

“Às vezes podemos usar estratégias básicas como pedir feedback dos alunos, coloca-los a trabalhar dois a dois, ou fazer explicar o apreendido ao colega. Disto aos dispositivos móveis é um passo”, explicou.

A “aula invertida” é uma das estratégias possíveis para “criar uma dinâmica mais produtiva em sala de aula”:

“A ideia é fazer pequenos vídeos, ou apresentações multimédias, que os alunos veem em casa, com algumas questões e reorientar a aula com um Quizz ou um Kahoot, por exemplo”.

“Isto altera a aula e o modo como o aluno presente. A própria taxonomia de Bloom foi alterada para que em casa esteja presente o «compreender» e o «adquirir o conhecimento» e na sala de aula se possa «aplicar», «analisar», «avaliar» e «criar».

Outra das estratégias usadas é “a aprendizagem entre fases” onde o professor retoma “os conteúdos críticos da aula anterior onde denotaram maior dificuldade”:

“O professor, em aula, coloca uma questão e aguarda. De seguida a mesma questão é dada a cada aluno que deve convencer o colega do lado da sua posição. Depois voltam individualmente a realizar outro mini teste e é interessante perceber que o nivel de resultados sobe exponencialmente”.

 Ana Amélia Carvalho apresentou alguns estudos onde de demonstra “que os alunos gostam deste método e aprende mais do que anteriormente”.

Os próprios docentes “sentem maior ‘gozo’ e sentido de autorrealização” no trabalho realizado.

No final da sua apresentação a especialista em materiais multimédia e ambiente digitais apresentou várias “metodologias” e exemplos para “envolver os alunos em sala de aula”.

O IV «Do Clique ao Toque» foi uma iniciativa da Faculdade de Teologia de Braga com o apoio do SNEC.

Educris|10.02.2019



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