«Ser Catequista neste tempo», padre Pedro Manuel

Que desafio tão grande, este que Jesus tinha reservado para todos nós catequistas... preparar a Sua Páscoa no silêncio do nosso calvário, acompanhá-lo na evangelização do nosso recolhimento e ser catequista de forma tão especial, no “isolamento” das nossas casas.

A redescoberta da nossa missão e a re-invenção dos nossos métodos não foi programada, não fazia parte dos nossos planos e no início do ano pastoral não contávamos com ela, mas Deus quis contar...

Não somos menos catequistas apenas porque não estamos na nossa “sala” ou no nosso “encontro”, porque os catequistas são “figuras chave na catequese” (CAECJC 31) desafiam-nos a levar a catequese à vida.Em tudo, somos sempre enviados porque fazemos parte daqueles cujo coração “arde” (Lc 24, 32) pois sabemos que o Mestre caminha connosco. Ele quer continuar a explicar-nos o sentido das escrituras... quer que a nossa oração seja ainda mais ardente e que  cada um viva de forma individual aquele caminho Pascal que sempre terá “ecos comunitários” pelo testemunho que somos convidados a dar, agora, em outros areópagos.

Caríssimo catequista, a tua comunidade, o teu grupo, o grupo de amigos de Jesus que Ele te entregou no início do ano para ajudares a crescer continua a ser parte da tua vida e da tua missão. “Na comunidade cristã, os discípulos de Jesus Cristo alimentam-se a uma dupla mesa: da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo” (DGC 70). “A vida da Igreja apoia-se  em duas realidades vinculadas entre si: o plano da graça, a comunhão, e no plano da realidade sensível: a comunidade” (CC 254).

Neste momento também as famílias esperam de nós uma presença missionária diferente, e nós confiamos que a catequese “já se realiza quando os membros de determinada família se ajudam uns aos outros a crescer na fé” (CT 68), por isso, neste âmbito somos todos chamados à missão.

Como verdadeiros missionários é preciso chegar de forma diferente ao coração de quem está em casa, quiçá, cansados por este desafio difícil, mas sedento de novidade, e Jesus é todo Ele novidade e Evangelho, boa-notícia e desafio...

Vivemos uma verdadeira oportunidade de mudança e alteração de paradigmas, também no nosso coração. Em que medida poderemos fazer diferente e chegar à meta? Aqui está o coração desta fase.

A Sagrada Escritura, a oração pessoal, os catecismos, as redes sociais... são caminhos para que o verdadeiro “encontro” aconteça. Este é um verdadeiro “Kairós-Tempo Favorável” para que uma sentida Quare(ntena)sma nos conduza a um encontro com o Ressuscitado que se traduzirá num tempo Pascal celebrado e vivido a partir do encontro com o essencial... o Senhor e cada um de nós, chamando-nos pelo nome como chamou “Maria” no dia de Páscoa.

É aí que a missão acontece novamente como na primeira hora. Que tal fazermos individualmente uma “Lectio Divina” sobre este encontro... fica a proposta, e que esta proposta nos envie novamente ao mundo onde somos chamados a deixar marca, agora desta forma... que é sem dúvida, a forma de Deus, para o momento presente.

 

Lectio Divina para o verdadeiro encontro

 

- Lectio

Jo 20, 11- 18

Maria, porém, estava de pé junto ao sepulcro, do lado de fora, a chorar. Então, enquanto chorava, debruçou-se para o sepulcro e viu dois anjos em vestes brancas, sentados um à cabeceira e outro aos pés do lugar onde tinha sido deposto o corpo de Jesus. Disseram-lhe eles: «Mulher, porque choras?». Disse-lhes: «Tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram». Tendo dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: «Mulher, porque choras? A quem procuras?». Ela, pensando que era o jardineiro, disse-lhe: «Senhor, se foste Tu que o levaste, diz-me onde o puseste, e eu irei buscá-lo». Disse-lhe Jesus: «Maria!». Ela, voltando-se, disse-lhe em hebraico: «Rabúni!» – que significa «Mestre». Disse-lhe Jesus: «Não me toques, pois ainda não subi para o Pai! Mas vai aos meus irmãos e diz-lhes: "Subo para o meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus"». Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor!», e as coisas que a ela tinha dito.

- Meditatio

O que me diz o texto?

Continuo a ir ao sepulcro vazio da expectativa de me encontrar com o Ressuscitado?

Sou capaz de anunciar a alegria deste encontro?

- Oratio

“Senhor Jesus chama-me pelo nome! Faz-me reconhecer que que sais ao meu encontro em cada manhã de desânimo para que também eu ressuscite conTigo e Te anuncie aos meus irmãos. Amém”

- Actio

Anunciar de forma objectiva a minha Fé na Ressurreição ao meu grupo e aos meus amigos partilhando uma oração nas redes sociais.

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Siglas

CAECJC - Catequese: A alegria do encontro com Jesus Cristo
CC - A Catequese da Comunidade
CT - Catechesi Tradendae
DGC - Directório Geral da Catequese
Padre Pedro Manuel
Director do Secretariado Diocesano da Catequese - Algarve

Educris|06.04.2020

 



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