Maria Luísa Boléo: Uma vida dedicada à catequese, uma oportunidade de aprofundar a fé

Catequista com 63 anos de trabalho na área abordou «A Alegria de ser Catequista» a partir da experiência de uma vida.

Maria Luísa Paiva Boléo, catequista do Patriarcado de Lisboa, com 76 anos, finalizou hoje os trabalhos do 2º dia do Encontro Nacional de Catequese.

"A minha vocação a ser catequista não teve trombetas nem arcanjos com tenazes, mas teve vozes humanas, muitas, de quem o Senhor se serviu para me indicar o caminho".

Professora de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), nos anos oitenta e noventa do século XX, preocupada com o lugar da disciplina na escola e a formação dos docentes de então Maria Luísa Boléo lembrou a "fé bem enraizada em casa":

"O meu pai foi membro do centro de Reflexão Cristã de Coimbra na altura da primeira república na altura em que ser cristão na praça pública significava ter coragem e muita formação. De minha mãe recebi uma formação muito forte do noelismo, um movimento que aposta forte na formação e na inserção cristã no mundo".

Natural da paroquia da Sé, e frequentadora de Alfama, Maria Luísa Boléo, recorda que a sua primeira catequese paroquial seguia ainda o catecismo de São Pio X.

"Em minha casa tive uma autêntica catequese familiar, ministrada pela minha mãe, e que seguia o método Quinet com pequenos cadernos de atividades até aos dez anos".

Nessa altura foi morar com os pais para a paróquia de São João de Deus, em formação e começou a frequentar um colégio das irmãs oblatas:

As irmãs preparavam os alunos para os sacramentos e integravam-nos na paróquia da Lapa para que tivéssemos vivencia comunitária", precisou.

O chamamento a ser catequista

Maria Luísa Boléo recordou o primeiro chamamento que se fez ?através da voz da minha mãe? que me pediu que orientasse a "minha irmã mais nova e o meu primo nas sessões de catequese familiar".

Em 1955 morre a sua mãe e Maria Luísa Boléo. Um ano depois "fui convidada para ser catequista na paróquia de São João de Deus" e realizou formação de 1959 a 1962 no então curso de iniciação que "tem mais ou menos os mesmos conteúdos do hoje o nosso curso geral", precisou.

Em 1961 entrou para o Secretariado diocesano da Catequese de Lisboa e passou a fazer parte da equipa formadora em 1962 estando no primeiro curso de formação de catequistas do Patriarcado que se realizou em Sintra ainda nesse ano.

Maria Luísa Boléo recordou o trabalho nos primórdios do Centro Catequético de Fátima, em 1964 e a sua formação em Teologia, em Toulouse, França, entre 1966 e 1968.

A primeira experiência de catequese de adultos "tive-a em Angola, entre 1972 e 1974 numa paróquia da cidade de Luanda onde o papel dos leigos, na altura, era já muito estimulado e querido pela Igreja. Este curso era para adultos conscientes que queriam receber mais formação cristã".

No regresso a Lisboa, em 1974, Maria Luísa Boléo, trouxe a sua primeira filha, uma "filha da guerra", a Margarida, e depois o Nuno, em 1976 e o Paulo em 1980:

"Começou então a minha tarefa de ser mãe e também aí começar novamente o Despertar religioso e a catequese familiar".

Regressa a Portugal onde trabalha no Secretariado Nacional da Educação Cristã, de 1974 a 1981:

"Tentámos fazer apoios aos manuais do monsenhor Amílcar. Realizámos ações de formação em todo o país para professores e criámos os novos manuais".

Em 1981 volta à lecionação da EMRC de onde se vai reformar como docente muitos anos depois.

No final da sua intervenção Maria Luísa Boléo lembrou aos responsáveis da catequese que esta vida de catequista permite "semana a semana aprofundarmos um aspeto da nossa fé, e isso é de uma enorme alegria porque nos leva a crescer constantemente. Nunca se chega ao fim e a consciência de que nunca se está formado".

"Destaco, ainda, o modo como temos a oportunidade de nos confrontarmos e confronta a nossa fé com a daqueles que estão no início do percurso".

Catequista: Identidade e missão

O 57º Encontro nacional de Catequese reúne em Setúbal cerca de sete dezenas de responsáveis pelo setor de todas as dioceses de Portugal. Em análise está a «identidade e Missão» do catequista. Amanhã, dia 5 de abril, D. António Moiteiro, Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) reflete o tema «A formação de catequistas: perspetivas atuais». Os trabalhos prosseguem com o trabalho de grupo sobre o projeto de formação de catequistas.

Educris|04.04.2018



Recursos:
ENC18: «A Alegria de ser Catequista»:
Áudio: «A Alegria de ser Catequista»:
Áudio: «A Alegria de ser Catequista»

Ouça e leve a consigo a partilha e testemunho de Maria Luísa Boléo na conferência «A Alegria de ser Catequista», proferida no 57º Encontro Nacional de Catequese



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