Responsável pela Pastoral da Diocese de Vila Real destacou os desafios da catequese com os adolescentes na Igreja Portuguesa
O padre Manuel Queirós considera que é urgente recuperar “as comunidades cristãs para a transmissão da fé aos mais novos” e pede que se volte “aos primórdios da Igreja na catequese”.
“Hoje, na catequese, assistimos, em algumas das nossas comunidades, a um sentimento de abandono, de desencanto, com pouco acompanhamento da parte dos pastores e a incompreensões da parte das comunidades. É vital voltarmos ao início da igreja onde o catequista, nas primeiras comunidades, tinha autoridade moral e doutrinal, eram mistagogos, levavam os catecúmenos pela mão e tinham lugar na comunidade”, sustenta.
Na conferência «A catequese com adolescentes e jovens: perspetivas de renovação» o sacerdote apresentou aos catequistas de Viana do Castelo, uma “perspetiva dos últimos quarenta anos” e enalteceu o esforço da igreja no setor da catequese nos últimos anos.
“Nos últimos 40 anos houve muitos esforços em Portugal para tornar a catequese uma realidade. Desde logo a criação, nas décadas de 80 e 90 do século passado, de um itinerário formativo de 10 anos. São raros os países da europa com um programa tão bem-criado e implementado, e isso devemos agradecer a todos os milhares de catequistas leigos que permitiram tão grande beneficio”.
Numa altura em que se prepara um novo paradigma formativo o padre Manuel Quirós destacou como positivo o caminho realizado “na catequese de adultos, na catequese familiar e intergeracional e no despertar da fé”.
Recordando o alerta do Papa Francisco na visita Ad Limina dos bispos portugueses o responsável sustentou que “perante a diminuição da frequência da catequese na adolescência é urgente mudar o paradigma”.
“Temos que nos interrogar sobre que catequese queremos para a Igreja. Uma que insira na vida cristã, promova o encontro com Jesus Cristo ou que simplesmente seja um preparar mais ou menos académico para os sacramentos?”, interrogou.
Para o padre Manuel Queirós a mudança passa por um novo itinerário, já em construção sinodal, e por um novo perfil de catequista, identificado na “Carta Pastoral «Catequese: A Alegria do Encontro com Jesus Cristo», e no recente Diretório para a Catequese”.
“A Igreja tem recursos para o diálogo com os adolescentes e os jovens. Para entrar neste mundo precisa de formar catequistas capazes de uma relação pessoal e efetiva, com estudo acerca destas idades e que se predisponha para perceber e acompanhar os seus anseios e interesses, traduzindo a mensagem de Jesus para a sua linguagem altamente tecnologizada”, aponta.
“O Mundo virtual traz consigo uma nova cultura digital que faz com que se desenvolva uma nova antropologia, um novo modo de ler a vida e a história”, considera o especialista que aponta “a busca de liberdade destas idades” como uma porta “de entrada da Igreja através da apresentação de propostas ousadas e abertas”.
“É preciso abandonar uma catequese apenas doutrinal, como se de conteúdos escolares se tratasse, e criar uma catequese credível, com apoio de e para a família, inserida na comunidade e que assente no aprofundamento do querigma, no crescimento no amor fraterno, na comunidade e no serviço”, concluiu.
Educris|03.10.2021