Escolas Católicas analisaram «Pacto Educativo» e «relação com famílias»

VI Jornada Pedagógica desafiou instituições de ensino católico a “decisões bem discernidas e ousadas” numa “mudança de época”

Juan Ambrosio afirmou hoje que é preciso “edificar um mundo nova e uma nova humanidade” e apresentou “os quatro pactos” a que o Papa Francisco desafia a Igreja e o Mundo.

“Estamos numa fase de transição epocal, de mudança de paradigma e de metamorfose. Presenciamos ‘o fim de um mundo’ e percebemos que o paradigma que tínhamos já não serve e ainda não temos um novo”, afirmou.

Aos cerca de duzentos participantes da VI Jornada Pedagógica que hoje decorreu em Fátima, o professor universitário reafirmou a convicção de que este lugar de incerteza “pode ser um tempo oportuno para sermos protagonistas”.

“O papa desafia-nos a irmos aos sítios onde estão a ser construídas as novas narrativas. Ousar edificar um mundo novo e uma nova humanidade. Trata-se de gerar uma verdadeira utopia que pode e deve ser apresentada aos nossos alunos”, desenvolveu.

Na conferência subordinada ao tema «O Pacto Educativo Global e a relação escola –família» o especialista deu conta do modo como o papa quer ver a Igreja a responder aos desafios de hoje.

“O papa convoca-nos a 4 pactos: A economia de Francisco, o Pacto educativo Global, a Plataforma Laudato Si’ e o recente Pacto global pela família. Trata-se de um desafio global onde os vários pactos tem várias intercessões fundamentais para a necessária transformação do mundo que só é possível se as pessoas se transformarem. Por isso o desafio é educativo”, sustentou.

Às escolas católicas o professor universitário deixou o desafio do “discernimento fundamental para decisões fundamentadas e ousadas” e lembrou o papel fundamental das escolas “no processo de humanização do próprio humano”.

“Nascemos humanos, mas humanizamo-nos e aprendemos a sê-lo porque somos acolhidos pelos outros humanos.  A qualidade de cada humano está na qualidade do acolhimento. Não podemos apostar na parafernália do digital e secundarizar qualidade das relações humanas. Aqui se joga uma boa parte da qualidade do futuro humano”, concluiu.

Comunicar bem no diálogo entre a «escola e as famílias»

Ainda durante a manhã de trabalho Luís Gonçalves, do Externato Marista de Lisboa, Ana Laura Pinto, representante de uma associação de pais e a psicóloga Margarida Cordo, refletiram sobre «A relação, por vezes tensa, entre os pais e a escola».

Para a ‘mãe’ Ana Laura Pinto o segredo para uma relação “boa” entre as escolas e as famílias passa por colocar “o aluno no centro da relação”.

“Às associações de pais cabe levar às escolas as preocupações dos pais e dos alunos. Nós confiamos os nossos filhos às escolas e gostaríamos que esta fosse uma passagem fácil, para que eles cresçam e consigam discernir, da melhor forma, o seu futuro”, afirmou.

Já Luís Gonçalves, do Externato Marista de Lisboa alertou para a necessidade de “uma escuta ativa, por parte das escolas, da especificidade de cada família” num “diálogo franco e aberto” que privilegia “uma comunicação assertiva”.

“A comunicação tem de ser feita de forma clara. Olhar para a lei, mas a equidade tem de estar presente na educação católica. A primeira abordagem deve promover a ligação umbilical entre escola e as famílias”, sustentou.

Já a psicóloga Margarida Cordo exortou para a necessidade de um “diálogo construtivo” que permita “formar pessoas maduras”.

“O sucesso do processo educativo da criança depende de uma articulação cooperante e harmoniosa entre a família e a escola”.

Dando vários exemplos de como “a pandemia desregulou muitas famílias” a especialista lembrou que as “funções da escola e da família são complementares” e lamentou que muitas vezes “a comunicação entre escola e famílias só aconteça quando há problemas”.

“Temos de gerar canais de comunicação eficazes para que o tema possa ser trabalhados em complementaridade. Familia/escola devem ser parceiros e os professores devem receber incentivos para a sua ação que vão além do sentido estrito da docência”, precisou.

Da parte da tarde os participantes partilharam “boas práticas e de possíveis soluções” sob o tema «Relação Escola – Família: o ‘muro das satisfações’».

A VI Jornada Pedagógica das Escolas Católicas iniciou uma série de iniciativa comemorativas dos 25 anos da Associação Portuguesa de Escolas Católicas.

Em Portugal existem 117 escolas católicas frequentadas por quase 70 mil alunos do pré-escolar ao ensino secundário, e apoiadas por cerca de 8 mil educadores docentes e não docentes.

Educris|29.06.2023



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