ENC24: «Precisamos de lugares e estruturas de discernimento em comunidade», padre Luís M. Figueiredo Rodrigues

Especialista trouxe à reflexão o “ministério do catequista” e alertou para a necessidade de criar “lugares de discernimento nas comunidades” para uma efetivação dos ministérios e carismas

O padre Luís Miguel Figueiredo Rodrigues disse hoje que a Igreja precisa de “gerar lugares e estruturas de discernimento, em comunidade,” para os diferentes ministérios.

“Não existem hoje grandes lugares de discernimento. Tendemos a responder a necessidades em vez de discernirmos o Espírito”.

À margem da conferência «O ministério do catequista nos Documentos “Antiquum Ministerium” e “Ministérios Laicais para uma Igreja Ministerial” e no hoje da Igreja», que trouxe ao Encontro Nacional de Catequese, o sacerdote sustentou que cabe aos que “presidem na caridade a uma comunidade” conhecer “os seus colaboradores”.

“É ali, no acompanhamento diário, que se vão assinalando os carismas, as vocações que vão surgindo. Não tem de haver um catequista por paróquia instituído. Pode haver três ou quatro numa paróquia e noutras paroquias outros carismas vão surgir”, sustentou.

Apesar da Igreja reconhecer o ministério do catequista como “um antigo ministério”, a sua efetivação só ocorreu em 2021 com a Carta Apostólica sob Motu Proprio «Antiquum Ministerium», do Papa Francisco.

“Durante muito tempo a pastoral e a vida da igreja era alimentada pelos presbíteros, pelos pastores. A redescoberta do sacramento do batismo, como fundamento da nossa identidade cristã, e sobre a qual alicerça a igreja como povo de Deus, implica uma mudança de mentalidade. E esta, como sabemos, não se muda de um momento para o outro”, considerou.

O especialista deu conta de que “desde 1975, e mesmo antes, o Papa Paulo VI afirmava que as Conferências Episcopais podiam pedir à Santa Sé a instituição de ministérios”.

“Falamos das igrejas da denominada ‘antiga cristandade’ porque nas igrejas de missão os catequistas são o núcleo das comunidades. A instituição surge da quase inexistência de pedidos. Temos os acólitos, os leitores e diz-se para haver mais. O documento da CEP abre bem esta perspetiva”, desenvolveu.

Na realidade atual da Igreja o sacerdote deu conta de que a “dinâmica de discernimento só se faz, praticamente, para a vida consagrada e para o ministério ordenado” e questionou o porquê “deste discernimento não ocorrer, por exemplo, no sacramento do matrimónio”.

“A prática de discernimento e acompanhamento é o ser da comunidade. O problema não está nos ministérios, mas nas comunidades, como hoje as percebemos”.

O sacerdote considerou que “a mudança de mentalidades” só pode ser efetiva pelo “estudo aprofundado e por muita oração” pois o modo de ser igreja “está muito impregnado em nós”.

“Temos de estudar muito e rezar muito. Precisamos do encontro com o Senhor constante para nos aperceberemos desta mudança, e do modo como se efetiva. Não tem de ser uma mudança traumática, mas natural”, completou.

Imagem: Educris

Educris|03.04.2024



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