«Catequese e liturgia são dois dos pulmões da Igreja», padre Carlos de Aquino

Especialista pediu maior coordenação entre a catequese e a liturgia e apelou à redescoberta da Constituição Sacrosanctum Concilium

O padre Carlos Aquino apelou ontem a uma “maior coordenação entre a liturgia e a catequese” de modo a colmatar “o défice formativo de catequistas, pais, e comunidades cristãs”.

“Penso que há um défice na formação dos próprios catequistas. A catequese e a própria litúrgica são dois pulmões que ajudam à iniciação cristã que é um processo complexo e que exige ainda um caminho pedagógico e espiritual de cada um”.

À margem da conferência «O lugar dos Sacramentos no Itinerário», o sacerdote do Algarve lamentou que “a liturgia seja o que mais se esbanja na vida da Igreja” e desafiou a “uma maior reflexão e aprofundamento desta riqueza que é a própria reforma litúrgica”.

“Precisamos de voltar a olhar para a Constituição Sacrosanctum Concilium que passou no tempo, mas a meu ver, falta cumprir muito do que lá se prescreveu. Lá se afirma, por exemplo, que as Conferencias Episcopais podem ajudar a dar mais qualidade à celebração da fé, e existem mesmo funções para os serviços nacionais e diocesanos. Precisamos deste trabalho de coordenação”, sustentou.

Numa análise ao novo «Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias» o também coordenador Diocesano da Pastoral Litúrgica no Algarve louvou “a nova proposta formativa”, que procura “trilhar um caminho não escolar” para a catequese, e pediu uma “valorização da dimensão celebrativa da Igreja”.

“A nova proposta formativa para os catequistas [NDR: «Ser Catequista], precisa de valorizar, ainda mais, a dimensão celebrativa da Igreja. Sabemos que são as ações, os sacramentos que nos introduzem à fé. Para isso precisamos de ser introduzidos à sua linguagem simbólica pelos quais são celebrados. Existe esta deficiência nos catequistas, nas crianças, adolescentes, jovens e adultos que fazem este processo de acesso à fé”, desenvolveu.

Aos jornalistas o sacerdote lamentou “os que afirmam, ao final de dez anos de catequese, que não gosta de ir à missa”, e é da opinião que tal se fica a dever “a um défice de iniciação à própria celebração”.

“Chegar ao fim de dez anos de catequese e não se saber rezar, não ter gosto pela Igreja é estranho. A catequese e a liturgia devem ser complementares neste processo pedagógico. Vejo, como muito significativo que o Itinerário sublinhe a dimensão familiar. Que estejam nas celebrações como família”.

O liturgista insistiu na ideia de que é fundamental existir “uma grande formação para a celebração” de modo que “os próprios catequistas possam ser transmissores de uma nova linguagem para a fé vivida hoje”.

Educris|24.10.2023



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