«Precisamos de uma catequese que gere filhos de Deus», padre Juan Carlos Carvajal Blanco

Especialista espanhol pediu uma “mudança nas estruturas e no modo de fazer e pensar a catequese” para que “possam nascer filhos de Deus”

O padre Juan Carlos Carvajal Blanco, presidente da Associação de Catequetas de Espanha e Diretor do Departamento de Evangelização e Catequese da Universidade Eclesiástica São Dámaso, disse hoje aos catequistas portugueses que a catequese deve hoje “responder à convocatória que o Papa Francisco fez a toda a Igreja para uma conversão missionária da pastoral”.

“Não podemos continuar a fazer o que fizemos nos últimos 30 anos. Temos de mudar não apenas as estruturas, mas também as atitudes dos catequistas de modo a tornar possível a fé e agregar os filhos de Deus”.

Em declarações aos jornalistas, à margem da conferência «A Catequese na nova etapa da Evangelização», que trouxe às Jornadas Nacionais de Catequistas, o especialista espanhol sustentou que o “grande desafio da missão está nas testemunhas” e que nos “catequistas isto se torna ainda mais profundo porque se trata de ajudar a crescer outros na fé e no encontro”.

“Todo o cristão é discípulo missionário e deve ser testemunha no meio do mundo. Nos catequistas isto é ainda mais profundo. Um catequista que não tenha experimentado que Jesus está vivo dificilmente conseguirá transmitir isto aos catequizandos”.

O padre Juan Carlo Carvajal Blanco alertou para o perigo de uma apresentação de Jesus como “personagem histórico” que para as crianças e adolescentes pode soar “quase mitológico, como um qualquer super-herói”.

“Se o que se transmite é apenas um catecismo, histórico, estruturado e que pressupõe uma fé que ainda brota lentamente então a criança vai apropriar-se mais rapidamente de alguém como Harry Potter do que de Jesus, que não lhe vai aparecer nem ser sentido como real”, lamentou.

Numa necessária “mudança de estruturas e de modos de ser e fazer catequese”, o Diretor do Departamento de Evangelização e Catequese da Universidade Eclesiástica São Dámaso comparou o ato catequético ao ato da maternidade.

“Hoje a catequese deve funcionar como uma mulher que vai ser mãe. Não se é mãe em part-time ou como hobby. Quando alguém tem uma fé inicial faz falta um processo delicado que passa pela catequese. Assim podem nascer os filhos de Deus. Ninguém fica grávida e exerce a sua maternidade uma vez por semana”, garantiu.

Para o futuro de uma “catequese missionária” o sacerdote pediu “catequistas testemunhas e educadores”, mais do que “instrutores ou professores” que acompanham “ensinam o catecismo e, no limite, acompanham os meninos à missa”.

“Precisamos de catequistas que tenham este espírito materno de gerar vida. Dedicar tempo, acompanhando, manifestando o valor da fé e transmitindo a presença de Cristo”, completou.

Após o almoço os catequistas vão aprofundar «Tempo a Tempo» o próprio Itinerário com o auxílio da equipa que ajudou a criar a nomenclatura da catequese. «Despertar da Fé» é trazido pela Isabel Martins, a «Iniciação à Vida Cristã», com o padre Paulo Alves, o «Aprofundamento Mistagógico», com o padre José Henrique Pedrosa» e o «Discipulado Missionário», com o padre Manuel Queirós. O padre Rui Alberto, da Salesianos Editora, e a irmã Arminda Faustino dão a conhecer os «Recursos» para a catequese, a partir das 18h30.

O dia termina pelas 21h00 com a participação no Rosário e Procissão das velas na Capelinha das Aparições.

Educris|21.10.2023



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