Melgaço: «Mudar para olhar e acolher o concreto de cada ser humano», D. João Lavrador

Bispo de Viana do Castelo pediu uma Igreja “aberta a todos” e criticou tentação de querer “julgar antes de acolher”

No final da IV Assembleia Diocesana de Catequistas, que decorreu em Melgaço no domingo passado, D. João Lavrador criticou a atitude dos que em Igreja “julgam o outro em vez de o acolher”.

“Temos de mudar esta lógica de primeiro querer julgar e purificar antes de acolher e deixar entrar. Somos herdeiros desta mentalidade, que não é tradição mas tradicionalismo, e que nos fecha num cristianismo que não é verdadeiramente universal”, afirmou.

Na sua homilia, no decurso da eucaristia que encerrou o encontro de catequistas, o bispo de Viana do Castelo convidou os catequistas a “ir às fontes, ao evangelho, para descobrir a atitude de Jesus e aprendemos daí. Ele é o Mestre que ensina. Aprendamos D'ele a ser dóceis para que a nossa missão, a nossa forma de atuar esteja de acordo com os critérios de Jesus Cristo”, apelou.

Ao comentar a parábola do vinhateiro, presente no evangelho do domingo, D. João Lavrador chamou a atenção para a “justiça de Deus” que difere “do nosso olhar e do modo como consideramos a justiça uns para com os outros”.

“A lógica do evangelho é diferente do nosso legalismo e não devemos escandalizar-nos! Quem faz a experiência de amor, da entrega, percebe que quem mais necessita mais recebe! Esta é a lógica de um Deus que se entrega num amor infinito”, desenvolveu.

Aos catequistas o bispo de Viana do Castelo lamentou a tentação de “nos apropriarmos de Deus, de dizermos o que Deus é” e de o “objetivarmos, fazendo-o à nossa maneira”.

“O Deus de Jesus Cristo revela-se no Amor infinito, como nos diz São Paulo, que deseja contemplar a Cristo, mas que percebe que o seu testemunho, a sua missão é estar ao serviço do evangelho”.

Em início de ano catequético D. João Lavrador lembrou que a Igreja “nasce da vontade de Jesus e por ação do Espírito Santo”, e que este “atua também fora da Igreja”.

“O reino de Deus não tem as fronteiras da Igreja. O Espírito atua no meio do mundo. No meio de dúvidas, nas cidades, ele trabalha! A igreja é sinal para este reino! leva os que estão motivados pelo Espírito a reconhecer quem os motiva. Através da Comunidade cristã torna-se presente o próprio Cristo”.

Assim o desafio passa por “mostrar as razões da nossa esperança para que os que buscam, tal como os discípulos de Emaús, encontrem o sentido da sua existência”.

“Abertos a todos como nos diz o Papa. Uma igreja que se abre ao reino de Deus que se vai fazendo presente no mundo e que vai validando o caminho do ser humano através do evangelho. Queremos olhar e acolher, na realidade concreta de cada um, o ser humano como um todo! No encontro com Jesus, cada um fará a sua mudança, por que no amor tudo se transforma”, concluiu.

Educris|27.09.2023



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