Melgaço: «A catequese deve dar prioridade à Palavra de Deus», padre João Alberto Correia

«Meditação e escuta da Palavra» devem ser prioritárias para o catequista

O padre João Alberto Correia, investigador no Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião (CITER), disse hoje aos catequistas que a prioridade do catequista deve estar “na meditação, formação e escuta da Palavra”.

“Vivemos um problema diário. Ser a Marta ou a Maria, as irmãs de Lazaro que nos apresenta o evangelho. Vivemos o dilema do ‘fazer’ ou do ‘escutar’. Um não está em vez do outro, mas o ‘escutar’ deve, na vida do catequista, ter precedência”, afirmou.

Perante mais de duas centenas de catequistas do Alto Minho, que hoje se reúnem na IV Assembleia de Catequistas de Viana do Castelo, na vila de Melgaço, o professor auxiliar da Universidade Católica Portuguesa apresentou “alguns modelos de escuta e vivência da Palavra de Deus”, numa época em que a “Igreja desperta para o primado da Palavra em toda a ação pastoral, e mais na catequese”.

“A Bíblia, enquanto Palavra de Deus, é transversal a todos os setores da Igreja. Toda a ação pastoral deve ter aqui a sua raiz. Precisamos de dar prioridade à ‘Palavra de Deus’, recolocando-a no seu lugar enquanto centro da vida Cristã”, desenvolveu.

Aos catequistas o especialista lamentou “o défice da Palavra de Deus e não um défice de palavras” que “obscurece a força e a pertinência da Palava de Deus”.

“A Palavra de Deus não pretende apenas ensinar, mas enformar, fornecer critérios de vida. Este é o propósito de qualquer catequese. Mais do que ensinar quer-se ajudar e motivar para a vivência do que se aprende”, completou.

Numa altura em que a catequese em Portugal está a adotar um paradigma catecumenal em detrimento da lógica escolar, o padre João Alberto Correia desafiou os catequistas a “alimentarem-se da Palavra de Deus, na oração e na formação” para poderem depois “ensiná-la e transmiti-la a outros”.

“A Dei Verbum fala-nos da Sagrada Escritura na vida da Igreja, no seu capítulo VI. Devemos deixar que a palavra fale, como discípulos. Ser modelado por esta palavra antes de transmitir e propor aos outros”, disse.

Na parte final da sua apresentação o especialista em Ciências Bíblicas pediu aos catequistas para “que não se fiquem pela citação do texto presente no catecismo”, mas que promovam um aprofundamento do mesmo “consoante a capacidade do grupo e utilizando as diferentes linguagens”.

“A Sagrada Escritura é a ‘alma’ da catequese. Se as crianças não tomam contacto com a Palavra de Deus, descobrindo-a e deixando-se encantar, então não estamos a formar nada mais do que pagãos na catequese”, concluiu.

Educris|24.09.2023



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