Fátima: «Humildade, compaixão e respeito pela liberdade dos outros», o ser do catequista

Especialista em Liturgia abordou os ministérios de Leitor e Catequista

O padre João Peixoto considera haver muitas semelhanças entre a missão do Catequista e a do Leitor na Igreja.

“O ministério instituído dos leitores tem tudo a ver com a função da catequese. A catequese tem como primeira missão o anúncio da palavra de Deus e nesse sentido o catequista é como que uma espécie de ‘caixa de ressonância’ da própria palavra”, afirmou na intervenção subordinada ao tema «Leitores e Catequistas», no decurso do 47º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, que hoje termina em Fátima.

O diretor do Secretariado Diocesano de Liturgia do Porto lembrou que “todos os ministérios litúrgicos têm um horizonte pastoral” e que cabe ao catequista, tal como acontece com o leitor, “transmitir de forma oral uma mensagem de que não é autor, mas apenas transmissor de viva-voz”.

“Naturalmente, para fazer ressoar essa palavra/mensagem para os outros os catequistas têm primeiro de a deixar ressoar em si mesmos, tornando-se uma espécie de caixa de ressonância da palavra/mensagem catequética”, lembrou.

Numa era de “comunicação digital”, o especialista desafiou ao “recuperar e valorizar” da “dimensão da proximidade física e da comunicação oral (do coração (memória à boca, da boca aos ouvidos e dos ouvidos ao coração) que está na raiz da catequese”.

“Por enriquecedores que sejam os novos processos digitais e as possibilidades inéditas das redes virtuais, não se pode jamais perder a riqueza da tradição oral e do testemunho pessoal/presencial como a forma originária e insubstituível de «passar» a fé de geração em geração”, sustentou.

Aos participantes do 47º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica o padre José Peixoto apresentou alguma da “reflexão que a Igreja tem feito ao longo dos tempos acerca deste Antigo Ministério”, e afirmou que “catequizar é mediar o encontro com Cristo Vivo”.

“Catequizar é comunicar Jesus Cristo no Espírito Santo para poder transformar o homem por dentro, de modo que a Palavra tenha eficácia histórica, na sociedade e no cosmos. Trata-se de mediar o encontro pessoal com Cristo vivo, presente no anúncio da palavra de salvação que é o seu Evangelho, hoje, no aqui e agora de catequistas e catequizandos, aqui e agora que devem ser levedados, renovados, transformados pelo fermento do Evangelho”, disse citando o documento de Puebla de 1979.

Numa altura em que as diferentes Conferências Episcopais preparam o modo de efetivação do ministério do catequista, o padre José Peixoto apresentou “duas tipologias principais ou modos de ser catequista” e delineou um ‘estilo’ de se ser catequista que passa pela “disponibilidade, ser respeitador e próximo” daqueles a quem é enviado.

“Este estilo requer uma disponibilidade humilde, para se deixar tocar pelas questões e interpelar pelas situações da vida, com um olhar cheio de compaixão, mas também respeitador da liberdade dos outros. A novidade à qual o catequista é chamado está na proximidade, no acolhimento incondicional e na gratuidade com que ele se disponibiliza para caminhar ao lado dos outros para os escutar e explicar as Escrituras (cf. Lc 24,13a35; At 8,26a39), sem estabelecer o percurso de antemão, sem pretender ver os frutos e sem reter nada para si”, completou.

Imagem: Secretariado Nacional da Liturgia

Educris|07.09.2023



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades