Algarve: Catequistas em formação sobre o novo percurso catequético

Segunda parte da formação sobre o novo itinerário insere-se numa proposta alargada do Setor da Catequese da Infância e Adolescência da Diocese do Algarve, e dá a conhecer as novas linhas que orientam o setor em Portugal

O padre José Henrique Pedrosa, diretor do Serviço de Catequese de Leiria-Fátima, foi o convidado da sessão dupla de formação – a 13 e 14 de junho – numa iniciativa que reuniu mais de centena e meia de catequistas algarvios.

Membro da equipa de redação do documento, o sacerdote de Leiria, ligado à dimensão do “aprofundamento mistagógico” do novo ‘Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias’, explicou aos catequistas que este “vai procurar ajudar não só a transmitir conteúdos”, mas a “fazer um caminho”.

“A catequese nesta dimensão que catecumenal, querigmática e mistagógica vai procurar ajudar a que neste tempo presente, e naquilo que é a nossa realidade, se possa crescer nesta relação com Jesus Cristo”, afirmou.

Para o responsável trata-se de uma mudança de paradigma onde o catequista será o “mediador” desse encontro, “aquele que conhece Jesus Cristo e a Deus e que conhece os seus catequizandos” e que “faz de ponte entre Deus e as pessoas” e vice-versa.

“Não é apenas uma catequese para as crianças e adolescentes. Não é uma catequese das crianças e adolescentes. É uma catequese com crianças e adolescentes”, prosseguiu, citado pelo jornal Folha do Domingo.

Numa altura em que a catequese se aproxima de um modelo “catecumenal”, para cumprir uma das intuições do encontro do Papa Francisco com os bispos portugueses em 2015, o membro da equipa redaccional do novo itinerário reforçou a ideia de que a catequese deve “envolver a pessoa em todas as dimensões do seu ser, procurando fazer com que as famílias que possam estar envolvidas” para que elas próprias “possam fazer também caminho nesta relação, comunhão e intimidade com Jesus Cristo”, “sempre com envolvimento da comunidade cristã”.

O novo itinerário contempla quatro tempos: o ‘Despertar da fé’ (dos 0 aos 6 anos), a ‘Iniciação à vida cristã’ (dos 7 aos 10 anos), o ‘Aprofundamento mistagógico’ (dos 10 aos 14 anos) e o ‘Discipulado missionário’ (dos 14 em diante).

O primeiro servirá “para ir introduzindo no ano litúrgico” e “criando uma relação com a comunidade”. O padre José Henrique Pedrosa desejou que ao longo daqueles primeiros anos, as comunidades tenham uma proposta que possa ir variando. Num segundo momento do ‘Despertar da Fé’ que corresponderá ao atual primeiro ano da catequese deverá ser iniciada uma “caminhada sistemática com encontros semanais, procurando fazer com que estes encontros não sejam apenas para as crianças, mas possam servir para envolver a família”, acrescentou, explicando que, no final daquele percurso, será apresentada uma proposta de inscrição na catequese para as crianças e para os pais.

O tempo de ‘Iniciação à vida cristã’, que corresponderá aos atuais 2º, 3º e 4º anos, será de catecumenado e incluirá três anos, seis semestres e seis módulos e terminará com a celebração dos sacramentos de iniciação cristã. O sacerdote explicou que durante este período os pais poderão eles próprios “fazer um caminho de fé com uma catequese de adultos, com adultos e para adultos”. Para além desta proposta será feita uma outra: a de “catequeses intergeracionais”, constituídas por “momentos de encontro, celebração e partilha” com “os pais, as crianças e os avós” e com os pais “que não quiseram fazer catequese familiar”.

O tempo de ‘Aprofundamento mistagógico’, correspondente aos atuais 5º, 6º, 7º e 8º anos, prevê “que haja, sobretudo, uma metodologia que seja mais projetual”.

“Cada trimestre tem um pequeno projeto para aprofundar os conteúdos”, explicou o sacerdote, acrescentando em cada trimestre haverá a “possibilidade de três encontros com os pais”: “um de dimensão mais pedagógica, outro de dimensão mais catequética e doutrinal e outro de dimensão mais projetual”. Este tempo terminará com a Profissão de Fé.

O tempo do ‘Discipulado missionário’ será estruturado em quatro anos, correspondentes aos atuais 9º, 10º, 11º e 12º anos, para fazer a “ligação à Pastoral Juvenil”. Cada ano terá cinco módulos e cada módulo quatro catequeses. “Cada catequese pode ser de um, dois ou três encontros, conforme as circunstâncias”, admitiu o formador, explicando aquela etapa poderá “ser uma caminhada pensada numa perspetiva vocacional”. “Que em cada ano cada grupo prepare um projeto que seja essencialmente de serviço”, acrescentou, explicando que este poderá ser na comunidade ou fora dela e que “vai haver também um percurso específico para o Crisma”, paralelo, cujo subsídio só deverá estar disponível em 2024/2025.

O padre José Henrique Pedrosa adiantou ainda que “neste momento estão a ser preparados dois materiais – o ‘Aprofundamento mistagógico 3’ e o ‘Discipulado missionário 1’ – que só deverão estar prontos em novembro deste ano para poderem ser usados a partir de janeiro do próximo ano. Aquele responsável anunciou também que sairá em setembro um ‘Say Yes’ – itinerário para adolescentes que serviu de preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) – para o período pós-JMJ para “celebrar”, durante os meses de setembro, outubro e novembro, o que constituiu o encontro mundial de jovens com o Papa.

Imagem: Samuel Rodrigues| Folha do Domingo

Educris|16.06.2023



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