Viseu: «O itinerário muda a nossa conceção de Catequese», irmã Isabel Martins

Responsáveis refletem, em Viseu, sobre os documentos fundamentais da catequese em Portugal

Na primeira intervenção desta tarde, sobre o «Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias», a irmã Isabel Martins e o padre José Henrique Pedrosa refletiram sobre «a beleza do anúncio».

A partir do episódio bíblico da ‘cura dos leprosos’ o sacerdote aprofundou “a pedagogia de Jesus” e o modo como esta “tem de estar presente na ação catequética”.

“O itinerário não é feito para termos gente connosco, mas para lançarmos pessoas na sua vida cristã e poderem, assim, habitar o mundo, experimentando o encontro com Jesus no dia a dia”.

Para o responsável pela Catequese na Diocese de Leiria-Fátima o Itinerário é “uma iniciação à beleza da Vida” uma vez que “a partilha da fé, o ato de evangelizar, embeleza a vida de quem anuncia e de quem a acolhe”.

Considerando que hoje está amadurecida a ideia de que “o caminho da fé não é uma via única”, o padre José Henrique Pedrosa pediu atenção ao modo como se apresentam “os quatro tempos previstos”, uma vez que o Itinerário “permite uma nova flexibilidade que respeita a diversidade dos indivíduos das pessoas”.

“Apesar de apresentarmos uma proposta [ndr: o Itinerário] temos de estar despertos para os diferentes tempos de cada um e para o necessário caminho pessoal, e em grupo, que não se compadece com a questão etária, mas com o amadurecimento de cada um”, desenvolveu.

A partir da mesma narrativa, da cura dos leprosos, a irmã Isabel Martins, do Patriarcado de Lisboa, sustentou que o desafio dos catequistas passa por “perceber que a cura de jesus não é imediata, mas um caminho”.

“A cura acontece por que eles buscavam, eles procuravam a cura. Num mundo imediato como o de hoje este é um desafio. As pessoas buscam Deus, buscam um sentido, tem ‘fomes e sedes’, mas nem sabem muito bem do quê. Como catequistas é fundamental despertarmos processos mais do que apresentar formulas pré-elaboradas e iguais para todos, ao jeito escolar”, desenvolveu.

Lembrando que o “Itinerário supõe um processo em comunidade onde se propõem caminhos às crianças, aos adolescentes e à família”, a responsável destacou a necessidade de “dar tempo de maturação dos processos”.

“Precisamos de apresentar uma proposta e esperar uma resposta que devemos depois acompanhar. Esperar que as pessoas façam caminho é superar a tentação dos resultados imediatos e entrar numa logica processual”, sustentou.

“O itinerário muda a nossa conceção de catequese: Envolve a comunidade e as famílias. Já não se trata do catequista com o seu grupo, mas de um caminho percorrido, em conjunto entre as crianças/adolescentes, a família e as comunidades”, completou.

Bispos portugueses apostam na formação e divulgação do Itinerário

Lançado em abril do ano passado o «Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as famílias» tem tido “uma adesão clara” por parte dos catequistas em todas as dioceses.

“Até agora o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) distribuiu 32 mil Itinerários pelas diferentes dioceses. É muito interessante o modo como a proposta catequética da igreja em Portugal tem sido recebida pelos agentes no terreno”, explica a irmã Arminda Faustino, do departamento da Catequese no SNEC.

A responsável dá, ainda nota, dos cerca de 10 mil «Ser Catequista» que se constitui como a primeira fase da formação dos catequistas.

“Já distribuímos uma quantidade muito interessante destes percursos e queremos muito que todos os catequistas possam fazer este percurso formativo”, concluiu.

Ainda durante esta tarde tem lugar uma partilha sobre a implementação do «Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as Famílias», que conta com os testemunhos das catequeses de Coimbra, Santarém e Lisboa.

Ainda antes da eucaristia os responsáveis do SNEC e da Salesianos Editora dão conta do andamento dos trabalhos, desta parceria, tendo em vista os novos recursos catequéticos em elaboração.

O dia termina com a Eucaristia, presidida por D. António Luciano, bispo de Viseu, na Sé da cidade.

Educris|13.04.2023



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