Viseu: «A formação deve ajudar a reler a experiência de Deus», Isabel Oliveira

Responsável apresentou formação como «laboratório de experiências»

Isabel Oliveira, da catequese do Porto, afirmou hoje ser necessário criar “experiências” e gerar “lugares de escuta e releitura da própria vida” na formação dos catequistas e na prática catequética.

“Quer na formação, quer na catequese, precisamos de ajudar a reler as experiências que vamos tendo. É preciso experimentar o ‘ser filho’ e ser dócil do Espírito Santo, às surpresas de Deus”.

Para a especialista em catequética o modo como ‘se faz catequese’ ainda é algo insipiente na dinâmica do “iniciar, educar e ensinar” proposto pelos documentos da Igreja, e é fundamental “gerar lugares de memória que permitam aprofundar o que se vai experimentando”.

“Andamos, não poucas vezes, de experiência em experiência sem sermos capazes de fazer memória, sem fazermos este caminho de reler os lugares e os modos como Deus se faz presente”, lamentou.

Na intervenção que partilhou com o padre Tiago Neto, da catequese de Lisboa, subordinada ao tema «Ser Catequista: O Catequista e a sua missão», Isabel Oliveira apontou “a formação como um lugar de vida e um laboratório de experiências”.

“Precisamos de estimular atitudes de vida e reler a experiência que Deus faz com cada um”.

Visita Ad Limina mudou o 'chip' à catequese

Já o padre Tiago Neto apontou “o discurso do Papa Francisco aos bispos portugueses” como “o ponto de viragem na reflexão e na ação catequética em Portugal.

“O discurso do Papa aos bispos, na visita Ad Limina, transformou o modo como pensamos em Portugal, a catequese. As intuições, os desafios, e as lacunas identificadas permitiram-nos mudar o ‘chip’ no modo como fazemos a catequese e somos catequistas”, explicou.

Para o especialista o pensamento do Papa é claro sobre o modo como a catequese deve acontecer e exige, desde logo, “uma conversão pessoal e pastoral de pastores e fiéis num processo continuo”, onde “o foco está no acolhimento dos outros, para que possam sentir a Igreja como sua casa”.

“O desafio atual passa por perceber de que modo é que pomos em prática aquilo que nos é trazido pelos vários documentos e fazer a ligação, através de uma conversão prática entre os vários 'atores, e a assunção de uma catequese de acompanhamento pessoal daqueles que iniciam ou se reaproximam da fé e da Igreja".

Apresentando a Carta «Catequese: Alegria do encontro com Jesus Cristo», de 2017, como “documento central para a formação dos catequistas”, o especialista considerou ser fundamental “passar do modelo escolar para o modelo catecumenal” através de uma nova lgica de ação que privilegie “úma ideia de caminho e aprofunde a dimensão vocacional”.

“Aprender com Cristo ir com ele, fazer caminho, e isto como centro da própria catequese”, apelou.

Debruçando-se sobre o percurso «Ser Catequista», que situou como “um documento que condensa muitas sensibilidades e pontos de vista”, o padre Tiago Neto pediu a sua reformulação de modo a que conste um capítulo sobre o cuidado dos menores na catequese.

“Para sermos coerentes com aquilo que anunciamos penso ser fundamental inserir neste percurso um espaço para a sensibilização dos catequistas nesta área do cuidado e da proteção das crianças logo na formação inicial de catequistas”.

Programa do 60º Encontro Nacional de Catequese

A manhã deste dia 13 de abril termina com um painel animado por membros das catequeses do Algarve, Aveiro e Viseu, sob o tema «A receção do ‘Ser Catequista’ e os desafios da sua concretização».

Da parte da tarde tem lugar a terceira conferência dos trabalhos, subordinada ao tema «Itinerário de iniciação à vida cristã das crianças e dos adolescentes com as Famílias: a beleza do anúncio» e que conta com o contributo da irmã Isabel Martins, da catequese de Lisboa, e pelo padre José Henrique Pedrosa, diretor do Serviço Diocesano de Catequese de Leiria-Fátima.

Os responsáveis do SNEC e da Salesianos Editora vão, ainda, dar conta do andamento dos trabalhos, desta parceria, tendo em vista os novos recursos catequéticos em elaboração.

O dia termina com a Eucaristia, presidida por D. António Luciano, bispo de Viseu, na Sé da cidade.

Educris|13.04.2023



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