Açores: 83 catequistas realizaram «Ser Catequista»

Formação voltou à ilha de São Jorge, no arquipélago dos Açores, numa experiência de “ser Igreja” no meio do Atlântico

Foram 83 os catequistas da ilha de São Jorge que participaram, de 23 a 26 de janeiro, no primeiro percurso «Ser Catequista», realizado no grupo central das ilhas dos Açores.

Organizado pela Ouvidoria local, a iniciativa contou com a quase totalidade dos catequistas da ilha, decorreu na escola básica e secundária da Calheta, numa experiência que “veio ao encontro das sedes das pessoas”.

“Há muitos anos que não tínhamos formação catequética na ilha e a pandemia adiou este nosso pedido de ajuda ao Secretariado Nacional da Educação Cristã”, explica ao EDUCRIS  padre Manuel António, ouvidor de São Jorge.

Numa ilha com cerca de 8 mil habitantes, uma centena de catequistas e 6 párocos, a reação à formação, começou por ser de “apreensão pelo desconhecido”, e terminou com catequistas “sedentos de viver tudo o que foi partilhado neste percurso do ‘Ser Catequista’”, desenvolveu.

“Ao início ficaram apreensivos porque não sabiam muito bem o que pensar. Ao longo do percurso foram-se apercebendo que, apesar de ser realizado em horário pós-laboral, não estavam cansados nem aborrecidos, mas sedentos de apanhar e viver tudo o que se estava a transmitir”, completa.

Obrigado pelo vosso trabalho: Espero conhecer-vos em Breve!

Chegado há dias à diocese de Angra, D. Armando Domingues enviou uma mensagem aos participantes do ‘Ser Catequista’, onde agradeceu “todo o trabalho que fazeis em prol da evangelização”.

“Sois muito importantes na Igreja e espero conhecer-vos em breve. Cristo conta muito convosco, e eu também! Obrigado pelo vosso trabalho e que o Espírito Santos vos acompanhe neste caminho”, afirmou.

Para Fernando Moita diretor do SNEC, a experiência resulta de um “juntar de esforços entre o SNEC e a Ouvidoria de São Jorge”.

“Para nós, enquanto SNEC, foi uma oportunidade de melhor servir a catequese nesta Diocese, e permitiu-nos comprovar, no terreno, as muitas virtualidades deste ‘Ser Catequista’. Foi uma oportunidade de aprendermos”, afirmou ao EDUCRIS.

O responsável nacional mostrou-se muito “contente pelo grande empenho e testemunho evangélico , nomeadamente dos párocos em estar presentes, trazendo os seus catequistas e participando como pastores”.

Da Diocese do Algarve, o responsável pela catequese naquele território, o padre Pedro Manuel dá conta de “uma bela experiência de ser Igreja” e mostra-se “muito sensibilizado pela perseverança dos catequistas da ilha, pela dinâmica que estabeleceram mesmo no final de um dia de trabalho”.

“O modo como foram capazes de mergulhar no espírito da formação foi impressionante tal como a vivencia sacerdotal dos párocos. Sem dúvida que conhecem bem as ‘suas ovelhas’ e dão a vida nesta dinâmica do evangelho”, desenvolve.

Para a irmã Arminda Faustino coordenadora do Departamento de Catequese no SNEC, a experiência formativa foi “muito enriquecedora para todos os que participámos”.

“Foi bom para eles e para nós, enquanto formadores. Foi um tempo de estar juntos e partilhar a fé e a comunhão na pessoa de jesus Cristo. Penso que conseguimos, todos, realizar um verdadeiro encontro com Jesus como convida este ‘Ser Catequista’”, completa.

Novos desafios para a Evangelização da Ouvidoria

No final da formação o padre Manuel António faz “um balanço positivo” da iniciativa e dá conta de “um novo animo que esta iniciativa trouxe à evangelização da ilha”.

“Creio que cria um novo animo na vida pastoral na vida da catequese na Ilha. Temos algumas ideias que vamos aprofundar, e queremos reiniciar um conjunto de encontros entre catequistas e crianças durante este ano”.

Dando conta de “uma realidade em sintonia com o ser cristão”, o sacerdote lamenta “a baixa de natalidade” atual no território.

“Cheguei em 1989 e tínhamos 54 adolescentes no 10 catecismo. Hoje, na vila da Calheta, onde sou pároco, não temos sequer 50 crianças”.

Para o ouvidor a realidade demográfica em São Jorge traz consigo “desafios na evangelização” e necessita de “uma pedagogia muito própria que vá ao encontro do tempo que estamos a viver”.

“A transmissão da fé não é igual aquela que acontecia no passado. O tempo e as circunstâncias, o modo como se comunica, exigem novas respostas. Precisamos de repensar o modo como transmitimos a fé e isso também nos desafia a nós, como párocos” concluiu.

‘Ser Catequista’ o primeiro passo no caminho do educador cristão

O ‘itinerário Ser Catequista’ veio alterar o paradigma da formação dos agentes de pastoral e pretende “não apenas dotar os catequistas com as competências necessárias à sua missão”, mas levar à realização de um percurso “que os leve ao encontro com Cristo”.

“O ‘Ser Catequista’, mais do que uma formação ou curso pretende dar a possibilidade de aprofundar o querigma, o primeiro anúncio na vida do próprio catequista para que também ele possa ser testemunha e acompanhe outros neste caminho do encontro. É como que uma catequese de adultos para os catequistas”, explica D. António Moiteiro, presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF).

Apresentado, em Fátima, em julho de 2021, o «Ser Catequista» tem percorrido o país numa dinâmica de catequese evangelizadora e querigmática.

Educris|31.01.2023



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