Roma: Catequistas refletem sobre o «testemunho» na transmissão da fé

Terceira parte do catecismo da Igreja Católica em análise

D. Rino Fisichella alertou hoje para o perigo de reduzir o cristianismo ao cumprimento de um conjunto de preceitos e leis que assentam nos 10 Mandamentos.

“A experiência moral do cristão não pode permanecer apenas no cumprimento de uma lei”, afirmou.

Na conferência que proferiu aos mais de 1400 catequistas, presentes no III Congresso Internacional da Catequese, o pró-perfeito do Dicastério para a Evangelização sustentou que “pelos sacramentos os cristãos tornam-se filhos de Deus, herdeiros de uma nova dignidade e são, por isso, chamados a comportar-se de acordo com a vida de Cristo”.

“Viver a vida de Cristo implica a consciência de que se vive a partir do Amor, apresentado em Jesus e por Jesus, e que isso comporta uma superação da lei que passa por um dinamismo e por um estilo próprio”, apontou.

Partindo do tema «O Catequista, testemunha da vida nova em Cristo», o arcebispo italiano desafiou os agentes catequéticos a realizarem uma catequese “em chave querigmática” a qual “requer uma pedagogia de iniciação inspirada no catecumenado”.

“O cristão que vive no Espírito deixa-se vivificar no Espírito, a lei do amor, que é o princípio que não se deixa escrever porque é princípio dinâmico que transporta consigo o discernimento”, sintetizou.

Na segunda conferência do dia o monsenhor Antonio Pitta, trouxe à reflexão o tema da liberdade a partir da carta do apóstolo Paulo aos Gálatas.

O professor da Universidade Lateranense, em Roma, começou por apresentar a novidade cristã em relação à temática da liberdade em contraponto com o pensamento grego e judeu.

“Esta carta é a obra-prima da liberdade. Paulo afirma que ser um em Cristo nega em absoluto as diferenças raciais, culturais e mesmo sexuais! Isto contrasta violentamente com o pensamento com o mundo grego ou o mundo judeu”, apontou.

Na sua comunicação, subordinada ao tema «Chamados à Liberdade» (Gal 5,13): Kerigma e Vida Nova [CCC 1691 – 1715] o especialista desafiou os catequistas a “refletirem com os catequizandos acerca da Liberdade” tal como ela é entendida pelos cristãos.

“O evangelho traz a novidade da criatura nova que abate todas as diferenças. Para os cristãos, e antes de ser categoria ética, a liberdade é configuradora do crente e torna possível a fraternidade, sempre no serviço ao outro”, completou.

Presente nos trabalhos o cardeal Mario Grech apresentou «A Perspetiva Sinodal para uma Catequese Evangelizadora», e pediu “mais envolvimento dos diversos atores da comunidade no ato catequético”.

“Para ser verdadeiramente sinodal a catequese não pode dispensar a comunidade, os pais, os leitores, enfim, todos aqueles que fazem parte da comunidade cristã. Se não o fizer fica mais pobre”.

O secretário do Sínodo dos Bispos, alertou para o perigo “de continuar a realizar uma catequese que sendo sacramental, (virada para os sacramentos)”, está mais preocupada em explicá-los do que em experimentá-los.

“Temos um claro défice de experiência, por exemplo, na participação eucarística. Aprende-se o que é, mas não se experimenta”, considerou.

No final da sua intervenção o prelado lamentou a persistência, entre os crentes, de “uma mentalidade clericalista” e considerou que tal modo de pensar e proceder vem, em parte, de uma forma de pensar e agir ensinada num estilo de catequese que educa os cristãos a ser passivos naquilo que é a sua consagração batismal”.

“A catequese deve ter a força de fazer sugerir uma nova mentalidade. O método sinodal pode ajudar a construir uma igreja em estilo sinodal! Um estilo sem o qual as estruturas e os eventos resultam ineficazes. É fundamental que se crie um estilo sinodal no povo de Deus para mostrar o rosto da igreja numa mudança de época, concluiu.

O III Congresso Internacional da Catequese realiza-se no Vaticano de 8 a 10 de setembro e é organizado pelo Dicastério para a Evangelização, órgão da Santa Sé com a responsabilidade sobre a catequese.

Educris|08.09.2022



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