Israel: Governo ameaça deportar refugiados

Em causa ficam centenas de cristãos da Eriteia e Sudão que requereram asilo a Israel. A recusa à proposta do governo Israelita pode dar pena de prisão.

O governo de Israel começou, no passado domingo, dia 4 de Fevereiro, a entregar cartas a dezenas de milhares de requerentes de asilo oriundos essencialmente da Eritreia e do Sudão, oferendo-lhes apoio financeiro para o regresso voluntário aos seus países.

Têm 60 dias para decidir. Quem se recusar a aceitar a proposta do governo israelita – um apoio financeiro de cerca de 2.800 euros e a passagem de avião – será preso.

Esta medida irá afetar cerca de 35 mil imigrantes africanos oriundos daqueles dois países que conseguiram entrar em Israel, principalmente entre os anos de 2006 e 2012, através da fronteira existente na Península egípcia do Sinai, antes de o governo de Telavive ter construído aí uma barreira de segurança.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já se referiu a este plano comparando os migrantes a invasores.  “Os invasores têm uma escolha fácil”, disse Netanyahu em Janeiro. “Ou cooperam connosco e deixam o país de forma voluntária, humana e legal, ou teremos de usar outros meios à nossa disposição.”
Com esta medida o governo de Israel faz um verdadeiro ultimato aos candidatos a refugiados oriundos de África, sendo que muitos dos provenientes da Eritreia são cristãos, denuncia a Fundção Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) em comunicado.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, apenas oito eritreus e dois sudaneses foram reconhecidos até agora como refugiados em Israel.

Todos os outros têm recebido apenas uma autorização de residência temporária, que tem de ser renovada de três em três meses. Agora, todos estão a ser confrontados com esta opção: a viagem de regresso ou a prisão.

A maior parte dos eritreus está actualmente a viver num centro de detenção no sul do país, em Holot.  Esta medida do governo de Israel está a ser muito contestada por diversos sectores da sociedade que acusam o executivo de violar leis internacionais de direitos humanos.

De facto, esta é uma questão muito sensível e que afecta directamente milhares de pessoas oriundos da Eritreia, país onde a comunidade cristã é particularmente perseguida.


Já anteriormente, a AIS finha revelado uma carta, assinada por quatro bispos da Eritreia, onde, de forma indirecta – não seria possível de outra maneira –, também se denuncia a situação de perseguição que se vive no país.

Nesse documento, os prelados – D. Mengsteab Tesfamariam, de Asmara; D. Tomas Osman, de Barentu; D. Kidane Yeabio, de Keren; e D. Feqremariam Hagos, de Segeneiti – justificam o êxodo maciço de pessoas oriundas da Eritreia com a necessidade de “viverem em países pacíficos, com justiça, trabalho, onde se possam expressar livremente e em alta voz, países onde cada um possa viver do seu trabalho”.

Um desses países é Israel. Os milhares de migrantes oriundos da Eritreia que foram agora apanhados na malha da nova política de acolhimento israelita têm apenas 60 dias para escolher entre o regresso ao seu país e a prisão. Muitos deles são cristãos.

Educris com AIS

07.02.2018

 

 



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