Moçambique: Comissão Nacional Justiça e Paz alerta para «tragédia» em Cabo Delgado

Organização católica pede para que situação não seja esquecida e denuncia ataques terroristas na região e um agravamento da vida das populações locais

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica em Portugal, alerta para a “tragédia” que se vive em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e denuncia o aumento de ataques terroristas na região.

“Chegaram-nos recentemente notícias de que a situação não melhorou. Intensificaram-se os ataques terroristas a várias aldeias, com destruição de casas, igrejas e mesquitas e o número (superior a um milhão) de pessoas forçadas a deixar as suas terras não pára de aumentar”, afirma a nota enviada ao EDUCRIS.

Lembrando que a “atenção da opinião pública, e reflexamente a de muitos responsáveis políticos, tenha virado a sua atenção para o “eclodir de guerras na Ucrânia e na Terra Santa”, a CNJP amenta que se tenha deixado de “falar da tragédia que se vive na região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique”.

“Queremos alertar os responsáveis políticos e todos os cidadãos para a importância de não esquecer o drama que se vive na região de Cabo Delgado (como outros que se vivem noutras partes do mundo), de reforçar a ajuda humanitária e garantir a segurança das suas populações e de não desistir de trabalhar para um futuro de justiça e de paz nessa região”, completa a nota intitulada «Não esquecer Cabo Delgado».

Papa critica missão católica incendiada e pede “orações” para o fim dos conflitos armados

No final da recitação da oração mariana do Ângelus neste I Domingo da Quaresma, e antes mesmo de iniciar exercícios espirituais, o Papa Francisco denunciou o retorno da “violência contra populações indefesas” e a “destruição de infraestruturas” na região.

“A missão católica de Nossa Senhora de África, em Mazezeze, foi incendiada nos últimos dias”, lamentou.

Aos fiéis, a ele reunidos na praça de São Pedro, Francisco pediu orações “para que a paz regresse àquela região atormentada” e “em tantos outros conflitos que ensanguentam o continente africano e muitas partes do mundo”.

“Não esqueçamos: a guerra é uma derrota, sempre. Onde quer que ela seja travada, as populações estão exaustas, estão cansadas da guerra, que como sempre é inútil e inconclusiva, e trará só morte, só destruição, e nunca levará a uma solução dos problemas”, completou.

Em vez disso, rezemos sem nos cansarmos, porque a oração é eficaz, e peçamos ao Senhor o dom de mentes e corações concretamente dedicados à paz.

Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) denuncia situação “preocupante”

Os ataques terroristas que referiu o Papa Francisco têm ocorrido nas últimas semanas, mas ganharam uma dimensão preocupante a partir essencialmente de 9 de fevereiro, com incursões armadas quase em simultâneo em várias aldeias. De acordo com a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) só na sexta-feira, dia 9, os terroristas que reivindicam pertencer ao Daesh, o grupo jihadista Estado Islâmico, atacaram três povoações em Mazeze, no distrito de Chiúre, provocando o pânico nas populações que se puseram em fuga, ou escondendo-se nas matas.

Citando um missionário – cuja identidade foi preservada por questões se segurança – “as igrejas foram queimadas assim como as casas da população”. E os ataques prosseguiram para outras localidades provocando uma nova onda de deslocados.

Um dos locais visados pelos terroristas foi a Missão de Nossa Senhora de África, em Mazeze. No dia 12 de fevereiro, além da destruição da Igreja Católica, foram destruídos os edifícios da Missão e da secretaria paroquial, e atacado e destruído o edifício-sede do Posto Administrativo local, assim como o Centro de saúde e a escola.

Imagem: AIS

Educris|19.02.2024



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