«Um mundo mais solidário, mais atento, com mais esperança», D. José Ornelas

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), considerou hoje a situação “preocupante” e pediu “redobrados cuidados da parte de todos”

A 199ª Assembleia Plenária da CEP vai ficar na história como a primeira em que os bispos portugueses de reúnem “de forma parcialmente presencial, mas maioritariamente em ligação digital” tendo em conta “a preocupante situação de pandemia em que se encontra o país e o mundo”.

Nas palavras de abertura dos trabalhos, que duram até sábado e que culminam com uma celebração Eucarística em memória de todos os que faleceram durante a pandemia, D. José Ornelas chamou a atenção para a “preocupante situação de pandemia em que se encontra o país e o mundo” e reforçou a ideia de que este tempo exige “redobrados cuidados da parte de todos e medidas que assegurem a superação da crise, em todas as dimensões humanas, sociais e espirituais que ela afeta”.

O presidente da CEP afirmou “esta Assembleia vai refletir sobre a pandemia” e recordou o documento já escrito pelos bispos portugueses onde se expõe, de maneira sintética, “a dimensão económico-social das consequências da pandemia” e se reflete “sobre os desafios que se colocam a toda a humanidade”.

Lembrando que são necessárias “atitudes e medidas de caráter sanitário, social, económico, cultural e espiritual”, o também bispo de setúbal desafiou a um olhar holístico sobre a pessoa humana.

“Não somos apenas organismos doentes do coronavírus. Somos pessoas que precisam de integrar o sofrimento, os esforços e sacrifícios e a beleza dramática da solidariedade num sentido de viver e num caminho de futuro. Que não amanheçamos um dia apenas curados, exaustos e vazios da pandemia, e naturalmente sedentos de voltar sôfregos e saudosos ao que já era”, alertou.

Para o presente e o pós-pandemia o presidente da CEP sustentou a necessidade de “desabrochar num mundo, numa sociedade, numa economia, numa Igreja mais solidários, mais atentos, com mais esperança”.

“Temos de voltar a socializar, temos de voltar às nossas igrejas, mais humanos, mais fraternos, mais crentes e consequentes ao Deus que caminha com a humanidade, sempre atento aos mais frágeis e sempre promotor de renovação e de esperança.


Destacando os sinais de esperança que surgem como “sementes de esperança no meio das crises dos homens”, D. José Ornelas fez referência à “criatividade da celebração, da partilha e do aprofundamento da fé que fomos vivendo e crescendo, com recurso generalizado aos meios de comunicação social”.

“É motivo particular de esperança que, neste contexto, inúmeros jovens tenham despertado para uma participação ativa na vida das comunidades, através dos serviços em que foram participando, com especial relevo no acolhimento, nas plataformas de redes sociais e na assistência a quem precisa.

O prelado destacou “os sacrifícios e esforços das instituições e pessoas, a começar pelo Serviço Nacional de Saúde e pelos profissionais que têm sido de uma abnegação que ficará na memória e no coração de todos nós” e reiterou a posição da Igreja acerca da eutanásia numa altura d legalização do dossier no parlamento.

“Respeito profundamente o drama de quem sofre e não estou pronto para condenar ninguém pelas atitudes tomadas em consequência da dor, da falta de sentido, de condições e de esperança: aquilo de que essas pessoas precisam não é de mais condenação nem de estigmas. Mas também não são as soluções facilitadoras e “legalizadas” que ajudarão a criar uma sociedade mais humana. O que é preciso é acompanhar e oferecer condições e razões para viver”, afirmou.

No final da sua intervenção o presidente da CEP recordou os dois bispos de Viana do Castelo, que faleceram recentemente, e os atentados das últimas semanas na Europa, que considerou “a todos os títulos condenáveis”.

 

“Para além do que possam ser as motivações daqueles que os praticam, bem como as densas nuvens de conflitualidade internacional que pairam sobre as relações políticas e económicas entre as nações, sublinham a necessidade de uma renovação e não seja simplesmente o regresso à ‘normalidade de sempre’”, concluiu.

Imagens: Agência Ecclesia/PR

Educris|11.11.2020



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