Ângelus: Papa lembra que a «salvação é graça» e pede Igreja presente «nos limites da humanidade»

Francisco comentou hoje a parábola do evangelho deste XXVIII domingo do Tempo Comum e pediu uma igreja "capaz de sair dos seus esquemas habituais de evangelização" para "chegar às encruzilhadas e aos limites da experiêcniahumana" porque o "evangelhonão está reservado para uns poucos".

Leia, na íntegra, a alocução do Santo Padre

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Com o relato da parábola do banquete nupcial, do trecho do evangelho de hoje (cf. Mt 22,1-14), Jesus traça o projeto que Deus pensou para a humanidade. O rei que «celebrou o banquete de casamento do seu filho» (v.2) é a imagem do Pai que preparou para toda a família humana uma maravilhosa festa de amor e comunhão ao redor do seu Filho unigénito. Por duas vezes o rei manda os seus servos chamarem os convidados, mas eles rejeitam o convite, não querem ir à festa porque têm outras coisas para fazer: o campo, o negócio. Muitas vezes nós também colocamos os nossos interesses e coisas materiais à frente do Senhor que nos chama - e chama-nos para uma festa. Mas o rei da parábola não quer que a sala fique vazia, porque ele quer dar os tesouros do seu reino. Por isso, ele diz aos servos: «Vão à encruzilhadas e aos caminhos e, quantos encontrarem, convidai-os para o casamento» (v.9). É assim que Deus se comporta: quando é rejeitado, em vez de se render, relança e convoca todos aqueles que estão nas encruzilhadas, sem excluir ninguém. Ninguém está excluído da casa de Deus.

O termo original do evangelista Mateo refere-se aos limites das estradas, ou seja, aqueles pontos onde terminam as ruas da cidade e começam os caminhos que levam ao campo, longe das áreas habitadas, onde a vida é precária. É para essa humanidade, na encruzilhada, que o rei da parábola envia os seus servos, com a certeza de encontrar pessoas dispostas a sentar-se à mesa. Assim, a sala de banquetes enche-se de “excluídos”, aqueles que estão “fora”, daqueles que nunca pareceram dignos de ir a uma festa, a um banquete de casamento. Pelo contrário: o mestre, o rei, diz aos mensageiros: “Chamai a todos, bons e maus. A todos!". Deus também chama os maus. "Não, sou mau, já fiz tanto ..." Ele chama-te: "Vem, vem, vem!" E Jesus ia almoçar com os publicanos, que eram os pecadores públicos, eles eram os maus. Deus não teme a nossa alma ferida por tantos males, porque nos ama, convida-nos. E a Igreja é chamada a ir para as encruzilhadas de hoje, isto é, às periferias geográficas e existenciais da humanidade, esses lugares marginais, aquelas situações em que fragmentos de humanidade estão acampados e vivem sem esperança. Trata-se de não se curvar nas confortáveis ??e habituais formas de evangelização e de testemunho da caridade e de abrir a todos as portas do nosso coração e das nossas comunidades, porque o Evangelho não está reservado a uns poucos. Também aqueles que vivem à margem, mesmo os rejeitados e desprezados pela sociedade, são considerados por Deus dignos do seu amor. Ele prepara o seu banquete para todos: justos e pecadores, bons e maus, inteligentes e incultos. Ontem à tarde consegui falar por telefone com um padre italiano idoso, missionário dos jovens no Brasil, mas que sempre trabalhou com os excluídos, com os pobres. E vive em paz a sua velhice: gastou a vida com os pobres. Esta é a nossa Mãe Igreja, este é o mensageiro de Deus que vai às encruzilhadas.

No entanto, o Senhor estabelece uma condição: usar as vestes nupciais. E voltamos à parábola. Quando a sala está lotada, o rei chega e cumprimenta os convidados de última hora, mas vê um deles sem o vestido da boda, um tipo de xaile que cada convidado recebia de presente na entrada. As pessoas estavam vestidas como estavam, como podiam vestir-se, não usavam vestidos de baile. Mas na entrada recebiam uma espécie de xaile, um presente. Aquele homem, ao rejeitar o presente, excluiu-se: então o rei não tem escolha a não ser expulsá-lo. Este homem aceitou o convite, mas decidiu que isto não significava nada para ele: era uma pessoa autossuficiente, não desejava mudar ou permitir que o Senhor o mudasse. A vestimenta nupcial - aquele xaile - simboliza a misericórdia que Deus nos dá gratuitamente, ou seja, a graça. Sem graça, não se pode dar um passo adiante na vida cristã. Tudo é graça. Não basta aceitar o convite para seguir o Senhor, é preciso estar pronto para um caminho de conversão que mude o coração. O hábito da misericórdia, que Deus nos oferece sem cessar, é um dom gratuito do seu amor, é precisamente a graça. E exige ser acolhido com espanto e alegria: "Obrigado, Senhor, por me teres concedido este presente."

Que Maria Santíssima nos ajude a imitar os servos da parábola evangélica e a sair das nossas maquinações e mesquinhices, anunciando a todos que o Senhor nos convida ao seu banquete, para nos oferecer a graça que salva, para nos dar o seu dom.

Tradução Educris a partir do original em italiano

Educris| 11.10.2020



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades