Audiência-geral: «A Santa Missa - Ritos de Conclusão»

Na manhã desta quarta-feira o papa Francisco retomou as catequeses sobre a Missa para refletir sobre o sentido e o significado dos «Ritos de Conclusão» lembrando aos fiéis que a missa "não é uma tarefa que se realiza uma vez por semana" mas uma oportunidade "de levar à cidade dos homens a paz de Deus".

leia, na íntegra, a catequese do Papa Francisco.

 

A Santa Missa - 15. Ritos de conclusão

Queridos irmãos e irmãs, bom dia e feliz páscoa!

Vós vedes que hoje temos por aqui flores: as flores indicam-nos a felicidade, a alegria. Em alguns lugares a Páscoa também é chamada de "Páscoa florida", porque floresce o Cristo ressuscitado: é a nova flor; a nossa justificação floresce; a santidade da Igreja floresce. Por esta razão, tantas flores: é a nossa alegria. Nós celebramos a Páscoa toda a semana. E por isto nos damos, mais uma vez, a todos nós, o desejo da "Feliz Páscoa". Vamos dizer juntos: "Feliz Páscoa", todos! [Todos respondem: "Feliz Páscoa!"]. Gostaria também que dirigíssemos uma Feliz Páscoa - porque ele é Bispo de Roma - ao amado Papa Bento XVI, que nos segue na televisão. Para o Papa Bento, todos nós desejamos uma Feliz Páscoa: [Todos dizem: "Feliz Páscoa!"] E um forte aplauso.

Com esta catequese concluímos o ciclo dedicado à missa, que é uma comemoração, não apenas celebrada como uma memória, mas onde se vive novamente a Paixão e a Ressurreição de Jesus. Da última vez chegámos até ao final da Comunhão e à oração depois da Comunhão; depois desta oração, a Missa conclui-se com a bênção dada pelo sacerdote e o envio do povo (cf. Instrução Geral do Missal Romano, 90). Uma vez que a Missa começou com o sinal da cruz, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ainda é em nome da Trindade que a Missa é selada, isto é, a ação litúrgica.

No entanto, sabemos bem que sempre que a missa termina, abre-se o compromisso do testemunho cristão. Os cristãos não vão à missa para realizar uma tarefa semanal e depois esquecem, não. Os cristãos vão à missa para participar da Paixão e Ressurreição do Senhor e depois viver mais como cristãos: abre-se o compromisso do testemunho cristão. Saímos da Igreja para «ir em paz» e transportar a bênção de Deus para as atividades quotidianas.

Saímos da igreja para "ir em paz" para trazer a bênção de Deus para as atividades diárias, nos nossos lares, no local de trabalho, entre as ocupações da cidade terrena, "glorificando o Senhor com a nossa vida". Mas se deixarmos a igreja conversando e dizendo: "olha para isto, olha para aquilo ...", com a língua comprida, a missa não entrou no meu coração. Por quê? Porque não sou capaz de viver o testemunho cristão. De todas as vezes que saio da missa, tenho que sair melhor do que entrei, com mais vida, com mais força, com maior desejo de dar testemunho cristão. Através da Eucaristia, o Senhor Jesus entra em nós, no nosso coração e na nossa carne, para que possamos "expressar na vida do sacramento recebido na fé" (Missal Romano, coleta da Oitava de Páscoa segunda-feira).

Da celebração à vida, portanto, conscientes de que a Missa se realiza nas escolhas concretas daqueles que estão envolvidos na primeira pessoa nos mistérios de Cristo. Não devemos esquecer que celebramos a Eucaristia para aprender a nos tornarmos homens e mulheres eucarísticos. O que é que isto significa? Significa deixar Cristo agir nas nossas obras: que os seus pensamentos sejam os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, as nossas escolhas, as nossas escolhas. E isto é santidade: fazer o que Cristo fez é santidade cristã. São Paulo expressa isto precisamente, falando da sua assimilação a Jesus, e diz assim: «Eu fui crucificado com Cristo, e já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. E esta vida, que eu vivo no corpo, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim» (Gal 2, 19-20). Este é o testemunho cristão. A experiência de Paulo também nos ilumina, na medida em que ao mortificar o nosso egoísmo, para que possamos matar o que se opõe ao Evangelho e ao amor de Jesus, cria-nos em nós um maior espaço para o poder do seu Espírito. Cristãos são homens e mulheres que se deixam alargar pelo poder do Espírito Santo, depois de receberem o Corpo e Sangue de Cristo. Deixai-vos alargar na vossa alma! Não nessas almas assim pequenas e fechadas em si, egoístas, não! Almas largas, grandes almas, com grandes horizontes ... Deixemo-nos alargar pelo poder do Espírito, depois de receber o Corpo e o Sangue de Cristo.

Dado que a presença real de Cristo no Pão consagrado não termina com a Missa (Catecismo cf. da Igreja Católica, 1374), a Eucaristia é mantida no tabernáculo para a Comunhão aos doentes e para a oração silenciosa do Senhor no Santíssimo Sacramento; o culto eucarístico fora da Missa, seja na sua forma privada ou comunitária, ajuda-nos de facto a permanecer em Cristo (cf. ibid., 1378-1380).

Os frutos da Missa estão destinados a amadurecer na vida quotidiana. Podemos dizê-lo deste modo, forçando um pouco a imagem: a missa é como o grão, o grão de trigo que cresce na vida quotidiana, cresce e amadurece nas boas obras, nas atitudes que nos fazem parecer como Jesus. Os frutos da eucaristia estão, portanto, destinados a amadurecer na vida de todos os dias. Na verdade, ao aumentar a nossa união com Cristo, a Eucaristia atualiza a graça que o Espírito nos deu no Batismo e na Confirmação, para que o nosso testemunho cristão seja credível (cf. ibid., 1391-1392).

Ao acender em nossos corações a caridade divina, o que faz a Eucaristia? Separa-nos do pecado: «Quanto mais participamos da vida de Cristo e progredimos na sua amizade, mais difícil é separarmo-nos dele com o pecado mortal" (ibid., 1395).

A aproximação regular ao convívio eucarístico renova, fortalece e aprofunda o vínculo com a comunidade cristã a que pertencemos, segundo o princípio de que a Eucaristia faz a Igreja (cf. ibid., 1396), une-nos a todos.

Por fim, participar da Eucaristia compromete-nos no confronto com os outros, especialmente os pobres, educando-nos a passar da carne de Cristo para a carne dos nossos irmãos, nos quais ele espera que ser reconhecido, servido, honrado, amado (cf. ibid., 1397).

Ao trazer o tesouro da união com Cristo em vasos de barro (cf. 2 Cor 4, 7), temos continua necessidade de voltar ao santo altar, até que, no paraíso, disfrutemos plenamente da bem-aventurança do banquete do Cordeiro (cf. Ap 19.9).

Agradeçamos ao Senhor pelo caminho de redescoberta da Santa Missa que nos deu para que realizássemos em conjunto, e deixemo-nos ser atraídos com fé renovada para este encontro real com Jesus, morto e ressuscitado para nós, nosso contemporâneo. E que a nossa vida seja sempre "florescida" como a Páscoa, com as flores da esperança, da fé, das boas obras. Possamos sempre encontrar a força para isto na Eucaristia, em união com Jesus.

Feliz Páscoa a todos!

Tradução Educris a partir do original em Italiano

Educris|04.04.2018



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