Vaticano: «As periferias estão no ADN do Cristão», a 9º pregação

Padre Tolentino apontou a necessidade da Igreja se redescobrir nas “periferias existenciais” para assim atender à essência da sua missão.

«A sede das periferias» foi o tema da 9º pregação do padre e poeta português ao Papa e aos colaboradores da Cúria Romana reunidos até sábado em retiro.

Partindo da pergunta «Onde está o meu irmão» contida no livro de Génesis o padre Tolentino Mendonça convidou os presentes a “olhar com olhos bem abertos a realidade do mundo ao nosso redor” e a não separar “a sede espiritual da sede literal”:

“Um dos critérios para entender o que é «centro» e o que é «periferia» no mundo, é de facto o acesso à água, direito inalienável da pessoa”, afirmou lembrando os cerca de 2 mil milhões de seres humanos que não tem acesso á água como alerta a Encíclica Laudato Si’.

Perante uma multidão sedenta “torna-se urgente adotar uma autêntica conversão de estilos de vida e do coração que vá na direção contrária à cultura do descarte e da desigualdade social”, sustentou citado pelo portal noticioso do Vaticano.

O vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa apontou Jesus como “um homem periférico” para o qual deve “apontar a Igreja na sua ação”.

“A Igreja não deve ter medo de ser profética e de colocar o dedo na chaga e não pode não confrontar-se com as periferias do mundo” pois um discípulo de Jesus deve percecionar o próprio Jesus como um homem de periferia”.

“ A periferia está no ADN do cristão, aproximando-o do seu contexto original e é uma chave indispensável para a sua hermenêutica espiritual e existencial. Em todas as épocas permanecerá, para a experiência cristã, o lugar privilegiado onde encontrar e reencontrar Jesus”.

No hoje da pós-modernidade o padre Tolentino Mendonça afirmou que “a vitalidade do projeto cristão está nas periferias”:

“Para a Igreja, a periferia é portanto um horizonte e não um problema e é onde pode sair de si mesma e redescobrir-se”.

As periferias existenciais não são somente económicas, conclui padre Mendonça, “e sabemos todos como entre nós e quem está ao nosso lado, existem frequentemente distâncias infinitas a serem abraçadas e vencidas”.

Por isto a humanidade deve ser abraçada, e mesmo que não consigamos impedir as lágrimas no rosto do próximo, podemos oferecer-lhe um lenço e dizer “estou aqui”, “não estás sozinho”.

As periferias, de facto, “não são somente lugares físicos, são também pontos internos da nossa existência, são lugares da alma que têm necessidade de serem pastoreados”.



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