Audiência-geral: «Liturgia da Palavra. II. Evangelho e homilia»

Na manhã desta quarta-feira o Papa Francisco encontrou-se na Sala Paulo VI, no Vaticano, com milhares de peregrinos para a tradicional audiência-geral das quartas-feiras.

A nona catequese sobre a eucaristia teve como tema «A Santa Missa - 9. Liturgia da Palavra. II. Evangelho e homilia»

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Continuamos com as catequeses sobre a Santa Missa. Eis-nos hoje chegados às leituras.

O diálogo entre Deus e o seu povo, desenvolvido na Liturgia da Palavra da Missa, atinge o seu cume na proclamação do Evangelho. Precede-o o canto do Aleluia - ou, na Quaresma, outra aclamação - com a qual «a assembleia dos fiéis acolhe e cumprimenta o Senhor que está prestes a falar no Evangelho». [1] Como os mistérios de Cristo iluminam toda a revelação bíblica, assim, na Liturgia da Palavra, o Evangelho é a luz para entender o significado dos textos bíblicos que a precedem, tanto do Antigo como do Novo Testamento. De facto, «de toda a Escritura, como de toda a celebração litúrgica, Cristo é o centro e a plenitude». [2] Sempre no centro está Jesus Cristo, sempre.

Por isso a própria liturgia distingue o Evangelho das outras leituras e rodeia-o com particular honra e veneração. [3] De facto, a sua leitura é reservada para ao ministro ordenado, que ao terminar beija o livro; Colocamo-nos à escuta e traça-se um sinal da cruz na fronte, na boca e no peito; as velas e o incenso honram a Cristo que, mediante a leitura evangélica, faz ecoar a sua palavra eficaz. A partir destes sinais, a assembleia reconhece a presença de Cristo que revela a "boa notícia" que converte e transforma. É um discurso direto que ocorre, como fica atestado pelas aclamações com as quais se responde à proclamação: «Glória a Vós, Senhor» e «Louvor a Ti, ó cristo». Paramos para ouvir o Evangelho: é Cristo quem nos fala, ali. E por isso, estamos atentos, porque é um colóquio ao vivo. É o Senhor quem nos fala.

Portanto, na Missa não lemos o Evangelho para saber como aconteceram as coisas, mas ouvimos o Evangelho para tomar consciência daquilo que Jesus fez e disse uma vez; e aquela Palavra está viva, a Palavra de Jesus que está no Evangelho está viva e atinge o meu coração. É por isso que ouvir o Evangelho é tão importante, com um coração aberto, porque é a Palavra viva. Santo Agostinho escreve que «a boca de Cristo é o Evangelho». Ele reina no céu, mas não cessa de falar na Terra». [4] Se é verdade que na liturgia «Cristo proclama o novamente Evangelho» [5], segue-se que, participando da Missa, devemos dar-lhe uma resposta. Nós ouvimos o Evangelho e devemos dar uma resposta na nossa vida.

Para passar a sua mensagem, Cristo também usa a palavra do sacerdote que, após o Evangelho, profere a homilia. [6] Fortemente recomendada pelo Concílio Vaticano II como parte da mesma liturgia [7], a homilia não é uma questão de circunstância - nem mesmo uma catequese como esta, a que eu faço agora - nem uma palestra muito menos uma lição, a homilia é outra coisa. O que é a homilia? É «um retomar deste diálogo que já está aberto entre o Senhor e o seu povo», [8] para que encontre realização na vida. A autêntica exegese do Evangelho é a nossa vida santa! A palavra do Senhor termina o seu curso fazendo-se carne em nós, traduzindo-se em obras, como aconteceu com Maria e nos Santos. Recordai o que eu disse na última vez, a Palavra do Senhor entra pelos ouvidos, atinge o coração e vai às mãos, às boas obras. E também a homilia segue a Palavra do Senhor e também faz este caminho para nos ajudar, para que a Palavra do Senhor alcance as mãos, passando pelo coração.

Já tratei do tema da homilia na Exortação Evangelii Gaudium, onde lembrei que o contexto litúrgico «exige que a pregação oriente a assembleia e também o pregador para uma comunhão com Cristo na Eucaristia que transforma a vida». [9]

Aquele que faz a homilia deve fazer bem o seu ministério - aquele que prega, o sacerdote ou o diácono ou o bispo -, oferecendo um serviço real a todos os que participam da missa, mas também aqueles que a escutam devem desempenhar a sua parte. Em primeiro lugar, prestando a devida atenção, assumindo as disposições internas direitas, sem pretextos subjetivos, sabendo que todo o pregador tem méritos e limites. Se às vezes há motivos para se aborrecer por causa de uma homilia longa ou não integrada ou incompreensível, outras vezes é o preconceito a funcionar como um obstáculo. E quem faz a homilia deve estar ciente de que não age em nome próprio, está a pregar, dando a voz a Jesus, está a pregar a Palavra de Jesus. E a homilia deve estar bem preparada, deve ser curta, curta! Um padre disse-me que uma vez foi a outra cidade onde os seus pais costumavam viver e o seu pai disse-lhe: “Sabes, estou contente, porque em conjunto com os meus amigos encontrámos uma igreja onde a Missa acontece sem a homilia!”. E quantas vezes vemos que na homilia alguns adormecem, outros conversam ou saem para fumar um cigarro... Por isso, por favor, que seja breve, a homilia, mas que seja bem preparada. E como é preparada uma homilia, queridos sacerdotes, diáconos, bispos? Como se prepara? Com a oração, com o estudo da Palavra de Deus e fazendo um resumo claro e breve, que não deve ir além de 10 minutos, por favor. Em conclusão, podemos dizer que na Liturgia da Palavra, através do Evangelho e da homilia, Deus dialoga com o seu povo, que O escuta com atenção e veneração e, ao mesmo tempo, reconhece-O como presente e operante. Se, portanto, ouvimos a "boa noticia”, a partir daí seremos convertidos e transformados, portanto capazes de mudar-nos a nós e ao mundo. Por quê? Porque a Boa Nova, a Palavra de Deus entra nos ouvidos, vai ao coração e alcança as mãos para fazer boas obras.

Tradução Educris a partir do original em italiano

Educris|07.02.2018



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