Ângelus: Papa convida a «confiar em Deus» para «crescer e avançar no caminho da vida»

No penúltimo Domingo do tempo Comum o Papa Francisco recitou a oração do Ângelus em conjunto com milhares de peregrinos que com ele se reuniram na praça de São Pedro, no Vaticano.

Disponibilizamos, na íntegra, a intervenção do Santo Padre.

 

Caros Irmãos e Irmãs, Bom dia!

Neste penúltimo domingo do ano litúrgico, o Evangelho apresenta a parábola de talentos (cfr Mt 25, 14-30). Um homem, antes de partir para uma viagem, entregou aos seus servos os talentos, que na época eram moedas de valor considerável: a um servo deu cinco talentos, a outro dois, a outro um, de acordo com as capacidades de cada um. O servo que recebeu cinco talentos é empreendedor e fá-los frutificar ganhando outros cinco. Do mesmo modo, o servo que recebeu dois é responsável, e consegue outros dois. Inversamente o servo que recebeu um, escava um buraco no chão e esconde lá a moeda do seu mestre.

É este mesmo servo que explica ao mestre, no seu regresso, o motivo de seu gesto, dizendo: «Senhor, eu sei que és um homem difícil, recolhes o que não semeaste e justas o que não espalhaste. Tive medo e fui esconder o teu talento na terra» (vv 24-25). Este servo não cultivou com o seu patrão uma relação de confiança, mas tem medo dele, e isso detém-no. O medo imobiliza sempre e muitas vezes faz tomar as escolhas erradas. O medo desencoraja de tomar iniciativas, encoraja cada um a se refugiar em soluções seguras e garantidas, e assim se acaba por não fazer nada de bom. Para avançar e crescer no caminho da vida, não é preciso ter medo, é preciso confiar.

Esta parábola faz-nos entender como é importante ter uma verdadeira ideia de Deus. Não devemos pensar que Ele é um mestre mau, duro e severo que nos quer punir. Se houver esta imagem errada de Deus em nós, a nossa vida não pode ser frutífera, porque viveremos com medo e isso não nos levará a nada construtivo, antes, o medo nos paralisará, e nos autodestruirá. Somos chamados a refletir de modo a descobrir qual é a nossa própria ideia de Deus. Já no Antigo Testamento ele se havia revelado como «Deus misericordioso e piedoso, lento para a ira e rico em amor e fidelidade» (Ex 34.6). E Jesus mostrou-nos sempre que Deus não é um mestre severo e intolerante, mas um pai cheio de amor, ternura, um pai cheio de bens. Portanto, podemos e devemos ter uma imensa confiança Nele.

Jesus mostra-nos a generosidade e o cuidado do Pai de muitas maneiras: pela sua palavra, com os seus gestos, com o seu acolhimento para todos, especialmente aos pecadores, aos filhos e aos pobres - como hoje nos lembra o 1º Dia Mundial dos Pobres; mas também com as suas advertências que revelam o seu interesse em que não desperdicemos as nossas vidas desnecessariamente. É um sinal de que Deus tem grande estima por nós: esta consciência ajuda-nos a ser responsáveis em todas as nossas ações. Portanto, a parábola dos talentos leva-nos a uma responsabilidade pessoal e uma fidelidade que também se torna a capacidade de caminhar continuamente em estradas novas sem o "enterrar o talento", isto é, os dons que Deus nos confiou e dos quais nos pedirá contas.

A Santíssima Virgem interceda por nós, para que possamos ser fiéis à vontade de Deus, promovendo os talentos que ele nos deu. Então, seremos úteis para os outros e, no último dia, seremos recebidos pelo Senhor, que nos convidará a participar da sua alegria.

Tradução Educris a partir do original italiano



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