Audiência-geral:«Missionários da esperança hoje»

Disponibilizamos, na íntegra, a catequese do Papa Francisco subordinada ao tema «Esperança cristã - 35. Missionários da esperança hoje» proferida nesta manhã de quarta-feira na praça de São Pedro, no Vaticano.

Caros Irmãos e Irmãs, Bom dia!

Nesta catequese, quero falar sobre o tema "Missionários da esperança hoje". Estou contente por poder fazê-lo no início do mês de outubro, que é na Igreja particularmente dedicado à missão, e também na festa de São Francisco de Assis, que foi um grande missionário da esperança! ~

Na verdade, o cristão não é um profeta de desgraças. Não somos profetas do infortúnio. A essência do anúncio é o oposto, o oposto do infortúnio: é Jesus, morto por amor, e que Deus ressuscitou na manhã da Páscoa. E este é o núcleo da fé cristã. Se os Evangelhos parassem no enterro de Jesus, a história deste profeta somar-se-ia as muitas biografias de personagens heroicos que gastaram a vida por um ideal. O Evangelho seria então um livro edificante, até mesmo de consolo, mas não seria um anúncio de esperança.

Mas os Evangelhos não terminam na sexta-feira santa, eles vão além; e é este pequeno fragmento ulterior que transforma a nossa vida. Os discípulos de Jesus ficaram abatidos naquele sábado após a sua crucificação; aquela pedra, rolada contra a entrada do sepulcro, pusera termo a três anos de vida esperançosa e entusiasmante na companhia do Mestre vindo de Nazaré; parecia o fim de tudo, e alguns começavam já a deixar Jerusalém para regressar a casa.

Mas Jesus ressuscitou. Este facto inesperado transformou a mente e o coração dos discípulos. Porque Jesus não ressuscita apenas para si mesmo, como se a sua Ressurreição fosse uma prerrogativa do que é ser ciumento: Ele sobe ao Pai porque quer que na sua ressurreição tome parte todo o ser humano, e eleva toda a criatura. E no dia de Pentecostes, os discípulos são transformados pelo sopro do Espírito Santo. Não só terão boas notícias de que falar a todos, mas serão eles próprios, diferentes do que foram no passado, como se tivessem renascido para uma vida nova. A ressurreição de Jesus transforma-nos com o poder do Espírito Santo. Jesus está vivo, vivo entre nós, vive e tem o poder de transformar.

Quão bonito é pensar que se é um anunciador da ressurreição de Jesus, não apenas com palavras, mas com factos e no testemunho da vida! Jesus não quer discípulos capazes de repetir as fórmulas aprendidas de cor. Ele quer testemunhas: pessoas que propõem esperança com sua maneira de acolher, sorrir e amar. Acima de tudo, amar: porque a força da ressurreição torna os cristãos capazes de amar, mesmo quando o amor parece ter perdido as suas razões. Desde então, há um «extra» que habita a existência cristã, inexplicável pela simples força de vontade ou por um cego otimismo; até parece que os crentes têm, por cima das suas cabeças, «um bocado de céu» a mais, que o mundo nem sequer consegue intuir.

Assim a tarefa dos cristãos neste mundo é abrir espaços de salvação, como se fossem células de regeneração capazes de voltar a fazer correr seiva vital onde tudo parecia morto e perdido para sempre. Quando o céu se apresenta todo nebuloso, é vista como uma bênção a pessoa que sabe falar do sol. Por isso o verdadeiro cristão não é lamuriento nem mal-humorado, mas irradia sempre esperança com o seu modo de acolher, sorrir e amar. A força da ressurreição irrompeu nele, convencendo-o de que nenhum mal é infinito, nenhuma noite é sem fim, nenhum homem é caso definitivamente perdido, nenhum ódio é invencível pelo amor”.

Por vezes os discípulos pagaram caro esta esperança que lhes foi dada diretamente por Jesus. Pensemos em tantos cristãos que não abandonaram o seu povo quando chegou o tempo da perseguição. Permaneceram lá, onde até o amanhã era incerto, onde não tinham proteção de nenhum tipo. Permaneceram esperando em Deus. E pensamos nos nossos irmãos, nas nossas irmãs no Oriente Médio que testemunham a esperança e também oferecem vida por este testemunho. Estes são verdadeiros cristãos! Este trazem o céu no coração, olhando sempre mais além, sempre mais além. 

Aqueles que tiveram a graça de abraçar a ressurreição de Jesus podem agora esperar o inimaginável. Os mártires de todos os tempos, com a sua fidelidade a Cristo, dizem que a injustiça não é a última palavra na vida. Em Cristo ressuscitado, podemos continuar a esperar. Os Homens e mulheres que têm um "porquê" viver resistem mais do que outros em tempos de infortúnio e desgraça. Mas quem tem Cristo ao seu lado realmente não teme mais nada. E por esta razão, os cristãos, verdadeiros cristãos, nunca são homens ‘fáceis’ e acomodados. A sua benignidade não deve ser confundida com insegurança ou subserviência. São Paulo motiva Timóteo a sofrer pelo evangelho, deste modo: «pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso» (2 Tm 1,7). Caídos, erguendo-se sempre.

Aqui está, queridos irmãos e irmãs, o porquê do cristão ser um missionário da esperança. Não por mérito próprio mas graças a Jesus, grão de trigo que, caído em terra, morreu para dar muito fruto.

Educris a partir do original italiano



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