Vaticano: «A Salvação é gratuita»

Na manhã desta domingo, o XXV do Tempo Comum, o Papa Francisco recitou a oração do Angelus na Praça de São Pedro, no Vaticano, perante milhares de fiéis.

Leia, na íntegra, a alocusão do Santo Padre.

Caros Irmãos e Irmãs, Bom dia!

Na página de hoje do Evangelho (Mt 20, 16-16), encontramos a parábola dos trabalhadores da jornada, a qual é contada por Jesus para nos comunicar dois aspetos do Reino de Deus: o primeiro, que Deus quer chamar todos para trabalhar para o seu Reino; o segundo, que no final quer dar a todos a mesma recompensa, isto é, a salvação, a vida eterna.

O mestre de uma vinha, representando Deus, sai ao amanhecer e contrata um grupo de trabalhadores, concordando com eles o salário de um dia de jornada: era um salário justo. Então faz o mesmo nas horas sucessivas - cinco vezes, naquele dia, ele sai - até ao entardecer, para contratar outros trabalhadores que estão desempregados. No final do dia, o patrão ordena que seja dado um denário a todos, inclusive àqueles que apenas haviam trabalhado durante poucas horas. Naturalmente, os primeiros trabalhadores contratados reclamam porque são pagos da mesma forma que aqueles que trabalharam menos. O patrão, no entanto, lembra-lhes que receberam o que foi acordado; Se Ele quer ser generoso com os outros, eles não devem ter inveja.

Na verdade, esta "injustiça" do patrão serve para provocar, naqueles que escutam a parábola, um salto de nível, porque aqui Jesus não quer falar sobre o problema do trabalho ou do salário certo, mas do Reino de Deus! E a mensagem é esta: no Reino de Deus não há desempregados, todos são chamados a fazer a sua parte; e para todos no final haverá a recompensa que vem da justiça divina - não humana, para nossa sorte! - isto é, a salvação que Jesus Cristo adquiriu com a Sua morte e ressurreição. Uma salvação que não é merecida, mas dada - a salvação é gratuita - então «os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos» (Mt 20,16).

Com esta parábola, Jesus quer abrir os nossos corações à lógica do amor do Pai, que é livre e generoso. Trata-se de se deixar espantar e fascinar pelos «pensamentos» e dos «caminhos» de Deus que, como o próprio profeta Isaías recorda, não são os nossos pensamentos e não são nossos caminhos (cf. 55, 8). Os pensamentos humanos são muitas vezes marcados pelo egoísmo e pelos interesses pessoais, e as nossas angústias e caminhos sinuosos não são comparáveis ??aos caminhos largos e diretos do Senhor. Ele usa misericórdia - não esquecer isto: Ele usa misericórdia – perdoa largamente, está cheio de generosidade e de bondade que derrama sobre cada um de nós, abrindo a todos os territórios necessitados do seu amor e da sua graça, que só pode dar ao coração humano a plenitude da alegria.

Jesus quer que contemplemos a aparência deste patrão: o olhar que ele vê cada um dos trabalhadores que esperam o trabalho e chama-os a ir à sua vinha. É um olhar cheio de atenção, de benevolência; É um olhar que chama, convida a levantar, caminhar, porque quer vida para cada um de nós, quer uma vida plena e comprometida, salva do vazio e da inércia. Deus que não exclui ninguém e quer que cada um alcance a sua plenitude. Este é o amor de nosso Deus, do nosso Deus, que é Pai.

Maria Santíssima nos ajude a aceitar em nossas vidas a lógica do amor, que nos liberta da presunção de merecer a recompensa de Deus e o julgamento negativo dos outros.



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