Papa Francisco: Diante da dor “olhar com o coração”
Na manhã desta terça-feira o Papa Francisco refletiu sobre o tema da dor e da compaixão a partir do trecho do evangelho de São Lucas proposto pela liturgia.
Na sua homilia, e comentando a passagem do encontro de Jesus com a viúva de Naím, Francisco abordou o relacionamento cristão com o sofrimento dos pobres e dos marginalizados:
“Na escritura existem diversas referências, como que um grito, para se tomar conta das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros. Estes eram os mais pobres de entre os pobres e o Antigo Testamento está continuamente a chamar a atenção do povo para estes que são mais pobres que os escravos”, enfatizou o Papa.
“Mesmo no meio de uma grande multidão Jesus tem a habilidade de olhar para o sofrimento daquela mulher que está prestes a enterrar o filho”.
Para Francisco isso acontece porque “Jesus olha para os detalhes, ele olha com o coração para o coração das gentes”:
“Jesus é compassivo. O evangelho afirma que ele teve «compaixão para com ela». Uma segunda atitude é a compaixão para com a realidade”.
A terceira palavra é o “devolver”. “Jesus faz milagres para restituir, para colocar as pessoas no próprio lugar”, afirmou.
Para o Papa a exortação do evangelho é “fazer o mesmo”, seguir o exemplo de Cristo, aproximar-se dos necessitados, não ajudá-los “de longe, porque há aqueles que estão sujos”, não tomam banho”, “têm mau cheiro”:
“Muitas vezes vemos os jornais ou a primeira página dos jornais, as tragédias... as crianças naquele país não têm o que comer; naquele país, as crianças são soldados; naquele país as mulheres são escravizadas; naquele país ... oh, que calamidade! Pobre gente ... Viro a página e passo ao romance, para a telenovela que vem depois. E isso não é cristão”.
No final Francisco convidou a um exame de consciência:
“Sou eu capaz de ter compaixão? De rezar? Quando eu vejo estas coisas, que me trazem a casa, através dos media... as vísceras movem-se? O coração sofre com essas pessoas, ou sinto pena, digo “pobre gente”, e assim ... “. Peçamos ao senhor da graça da compaixão”.