Ângelus: «Acreditamos na força do amor?», interroga o Papa

Por causa de uma "inflamação nos pulmões" o Papa Francisco não recitou hoje o Ângelus da janela do Palácio Apostólico. Monsenhor Braida leu a reflexão onde o papa comentou o evangelho deste domingo, o último deste ano litúrgico

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!

Hoje não posso ir à janela porque tenho um problema de inflamação nos pulmões e será Mons. Braida a ler a reflexão porque é ele que a prepara e fá-la sempre muito bem! Muito obrigado pela vossa presença.

Hoje, último domingo do ano litúrgico e solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, o Evangelho fala-nos do Juízo Final (cf. Mt 25, 31-46) e diz-nos que será sobre a caridade.

A cena que nos apresenta é a de uma sala real, na qual Jesus, «o Filho do Homem» (v. 31), está sentado num trono. Todos os povos estão reunidos aos seus pés e entre eles sobressaem «os benditos» (v. 34), os amigos do rei. Mas quem são eles? Que têm de especial estes amigos aos olhos do seu Senhor? Segundo os critérios do mundo, os amigos do rei deveriam ser aqueles que lhe deram riqueza e poder, que o ajudaram a conquistar territórios, a vencer batalhas, a tornar-se grande entre outros soberanos, talvez a aparecer como stars nas primeiras páginas dos jornais ou nas redes sociais, e a eles deveria dizer: «Obrigado, porque me tornaste rico e famoso, invejado e temido». Isto de acordo com os critérios do mundo.

Mas, segundo os critérios de Jesus, os seus amigos são outros: são aqueles que o serviram nos mais fracos. Isto porque o Filho do Homem é um Rei completamente diferente, que chama “irmãos” aos pobres, que se identifica com os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os doentes, os presos, e diz: «Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes» (v. 40). É um Rei sensível ao problema da fome, à necessidade de uma casa, à doença e à prisão (cf. vv. 35-36): realidades infelizmente sempre muito atuais. Pessoas famintas, desabrigadas, muitas vezes vestidas como podem, enchem as nossas ruas: encontramo-las todos os dias. E mesmo no que diz respeito à enfermidade e à prisão, todos sabemos o que significa estar doente, cometer erros e pagar as consequências.

Ora, o Evangelho de hoje diz-nos que se é “bendito” quando se responde a estas pobrezas com amor, com serviço: não virando as costas, mas dando de comer e beber, vestindo, abrigando, visitando, numa palavra, estando próximo de quem precisa. E isto porque Jesus, o nosso Rei que se diz Filho do homem, tem as suas irmãs e irmãos prediletos nas mulheres e nos homens mais frágeis. A sua “sala real” está instalada onde há quem sofre e precisa de ajuda. Esta é a “corte” do nosso Rei. E o estilo com que os seus amigos, aqueles que têm Jesus por Senhor, são chamados a distinguir-se é o seu próprio estilo: compaixão, misericórdia, ternura. Enobrecem o coração e descem como óleo sobre as chagas de quem é ferido pela vida.

Por isso, irmãos e irmãs, perguntemo-nos: acreditamos que a verdadeira realeza consiste na misericórdia? Acreditamos na força do amor? Acreditamos que a caridade é a manifestação mais régia do homem e uma exigência irrenunciável para o cristão? E, por fim, uma pergunta particular: sou amigo do Rei, isto é, sinto-me pessoalmente envolvido nas necessidades dos sofredores que encontro no meu caminho?

Maria, Rainha do Céu e da Terra, nos ajude a amar Jesus, nosso Rei, nos seus irmãos mais pequeninos.

Educris|26.11.2023



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades