Vaticano: «O colégio cardinalício é convidado a assemelhar-se a uma orquestra», afirma o Papa

Francisco desafiou hoje os 21 novos cardeais a “agradecer o dom de ter sido evangelizado” e a recordar que a “diversidade é necessária e indispensável” para a Igreja universal

O Papa Francisco pediu hoje aos cardeais para serem como que uma “orquestra sinfónica” sob a batuta do Espírito Santo.

“O Colégio Cardinalício é chamado a assemelhar-se a uma orquestra sinfónica, que representa a dimensão sinfónica e a sinodalidade da Igreja. Digo também «sinodalidade», não só por estarmos nas vésperas da primeira Assembleia do Sínodo que tem precisamente este tema, mas porque me parece que a metáfora da orquestra pode muito bem iluminar o caráter sinodal da Igreja”, afirmou o Papa na reflexão que precedeu a imposição do anel e o Pálio a 21 novos cardeais, entre os quais D. Américo Aguiar, bispo eleito de Setúbal.

Na sua reflexão Francisco evocou a passagem do livro dos Atos dos Apóstolos (At 2,1.11), onde de citam as várias procedências dos novos cristãos após o Pentecostes, e convidou os prelados a “identificarem-se com os que foram ‘batizados pelo Espírito”, naquela ocasião.

“Esta espécie de inversão de papéis faz pensar e, se olharmos com atenção, revela uma interessante perspetiva, que quero partilhar convosco. Trata-se de nos aplicar (coloco-me a mim, primeiro, no caso) a experiência daqueles judeus que, por dom de Deus, se viram protagonistas do acontecimento do Pentecostes, isto é, do «batismo» do Espírito Santo, que fez nascer a Igreja una, santa, católica e apostólica”, apelou.

Para o Papa, a “inversão de papeis” permite “redescobrir, maravilhado, o dom de ter recebido o Evangelho «na nossa língua» (2, 11), como dizem aquelas pessoas. Repensar com gratidão no dom de ter sido evangelizados e de ter sido tirados de povos que, cada um no seu tempo, receberam o Kerygma, o anúncio do mistério de salvação, e acolhendo-o foram batizados no Espírito Santo e passaram a fazer parte da Igreja: a Igreja Mãe, que fala em todas as línguas, que é una e é católica”.

Evocando a importância da transmissão da fé realizada pelos “lábios e nos gestos dos nossos avós e dos nossos pais, dos catequistas, dos sacerdotes, dos religiosos”, Francisco pediu aos novos cardeais para não se esquecerem que “a fé é transmitida «em dialeto» pelas mães e as avós”.

“Somos evangelizadores na medida em que conservamos no coração a maravilha e a gratidão de ter sido evangelizados; melhor, de ser evangelizados, porque trata-se, na realidade, de um dom sempre atual, que pede para ser continuamente renovado na memória e na fé. Evangelizadores evangelizados, e não funcionários”, apelou.

No final da sua reflexão o Papa Francisco reforçou a ideia de que o “maestro da orquestra é o Espírito Santo” e que cada um deve “ouvir os outros” de modo que o “diretor da orquestra” possa estra ao serviço “desta espécie de milagre que é sempre a execução de uma sinfonia”.

“Irmãos e irmãs, faz-nos bem espelhar-nos na imagem da orquestra, para aprendermos cada vez melhor a ser Igreja sinfónica e sinodal. Proponho-a de modo particular a vós, membros do Colégio Cardinalício, na consoladora confiança de que temos como maestro o Espírito Santo: maestro interior de cada um e maestro do caminhar juntos. Ele cria a variedade e a unidade, Ele é a própria harmonia”, terminou.

Imagem: Arquivo Educris

Educris|30.09.2023



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades