Vaticano: Papa apresenta «modelos de vida» para os pastores

Na festa litúrgica de São Lucas,evangelista, o Papa Francisco celebrou a eucaristia matinal na casa de Santa Marta, no Vaticano. Na sua homilia Francisco refletiu sobre a missão dos pastores, homens que como os apóstolos "experimentam a solidão, são vitimas da hostalidade" mas permanecem, sempre fiéis perante o chamamento do Senhor".

Tomando um excerto da segunda Carta de São Paulo a Timóteo onde São Paulo, na etapa final da sua vida experimenta a solidão do cárcere, Francisco meditou sobre o estado anímico do apóstolo:

"Sozinho, mendicante, vítima da hostilidade, abandonado... mas é o grande Paulo, o que ouviu a voz do Senhor, o chamamento do Senhor! Aquele que foi de um lado para o outro, que sofreu tanto e passou por diversas provações para pregar o Evangelho; o que fez entender aos apóstolos que o Senhor queria que os Gentios também entrassem na Igreja, o grande Paulo que na oração subiu até o Sétimo Céu e ouviu coisas que ninguém ouvira antes: o grande Paulo, naquele quartinho de uma casa aqui em Roma, esperando pelo fim da luta no interior da Igreja entre as partes, entre a rigidez dos tradicionalistas e os discípulos fiéis a ele. E assim, termina a vida do grande Paulo, na desolação: não no ressentimento e na amargura, mas com a desolação interior".

Como Paulo o papa argentino citou vários outros testemunhos de grandes pastores como "Pedro ou como o grande João Batista que na cela, sozinho e angustiado manda os seus discípulos perguntarem a Jesus se é ele o Messias" para terminar com a cabeça cortada "por causa do capricho de uma bailarina e da vingança de uma adúltera":

"Assim aconteceu com Maximiliano Kolbe que tinha feito um movimento apostólico em todo o mundo e muitas coisas grandes e morreu na cela de um campo de concentração".

O discipulo fiel espera o fim do seu mestre: morrer para ressuscitar

Para o Papa tantos e tantos exemplos que existem na Igreja e que nos mostram que "o apóstolo, quando é fiel não espera outro fim senão o de Jesus". Nestes momentos é fundamental perceber que "Senhor permanece próximo e não os deixa sozinhos", pois "esta é a Lei do Evangelho: se a semente não morrer não dará fruto".

Neste ponto Francisco recordou Tertuliano, um teólogo dos primeiros séculos,  "que afirmava que 'o sangue dos mártires é a semente dos cristãos'":

"Morrer assim como mártires, como testemunhas de Jesus é a semente que morre e dá fruto e enche a terra de novos cristãos. Quando o pastor vive assim, não está amargurado: talvez se sinta desolado, mas tem aquela certeza de que o Senhor está ao seu lado. Quando o pastor, na sua vida, se ocupa de outras coisas que não dos fiéis – por exemplo, apegado ao poder, apegado ao dinheiro, apegado aos centros de poder, apegado a tantas coisas – no final, não estará só, talvez tenha os sobrinhos que aguardarão que morra para ver o que poderão levar com eles".

No final o Papa rezou:

"Rezemos pelos pastores que estão no fim das suas vidas e que estão a esperar o Senhor que os leva. Para que o Senhor lhes dê a força, a consolação e a segurança e que, embora se sintam doentes e também sozinhos, o Senhor está com eles, perto deles. Que o Senhor lhes dê a força". 

 

Educris com Rádio Vaticana



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades