Integrada no ciclo de conferências «Misericórdia e diálogos – chamados à coragem» que o Centro de Reflexão Cristã (CRC) promove durante o mês de maio teve lugar hoje, no Centro Nacional de Cultura (CNC) uma homenagem a D. Tomaz da Silva Nunes, bispo auxiliar de Lisboa e antigo presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã (CEEC).
Na abertura da evocação ao prelado o presidente do grande Conselho do CNC, Guilherme d’Oliveira Martins começou por recordar D. Tomaz da Silva Nunes como “alguém que teve um papel muito importante na salvaguarda do património cultural”. Para o antigo presidente do tribunal de contas o bispo auxiliar de lisboa era “uma espécie de homem dos sete ofícios que pautava a sua vida pelo rigor e exigência” e pela “disponibilidade total para fazer pontes e estabelecer consensos fáceis para questões, muitas vezes complicadas”.
A ocasião serviu, ainda, para a leitura de uma mensagem enviada para esta ocasião pelo cónego António Rego, “amigo de longa data” do antigo presidente da CEEC que lembrou as muitas ocasiões onde “as dificuldades e certezas” foram “partilhadas e rezadas em oração” e o recordou como “um sábio discreto” e “um padre sem tiques clericais com uma visão alargada do mundo” dotado de uma grande “afetividade e fidelidade crítica à Igreja neste tempo” sempre com uma grande “preocupação pela causa da educação que investigava com tenacidade e discernimento” assente numa “vida simples e partilhada por uma panóplia de amigos próximos e distantes da Igreja sem nunca se deter na intransigência ou ceder na banalidade”.
D. Tomaz da Silva Nunes e a Educação Cristã
Cristina Sá Carvalho, diretora do departamento da Catequese do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) começou por lembrar que o SNEC publicou um número especial da revista Pastoral Catequética, com textos inéditos de D. Tomaz da Silva Nunes aquando do 1º aniversário da sua morte.
Esta responsável recordou o prelado partindo do lema do seu episcopado “Vim para Servir”:
“D. Tomaz tinha, por estrutura da personalidade que brota da fé, uma maneira notável e uma capacidade de ser multifacetado nas linguagens consoante o público-alvo sem nunca alterar a substancia do que acreditava ”. Cristina Sá Carvalho apontou o antigo presidente da CEEC como “um homem de diálogo, próximo das pessoas, enraizado na Doutrina Social da Igreja que lhe permitia uma postura de construtor de ‘redes’ nas áreas da evangelização e da educação”.
A responsável da catequese, focando a sua atenção na escola, apontou o bispo auxiliar de Lisboa como “alguém com uma visão muito ampla da Igreja e que dava muita importância à formação de cada um promovendo uma escola que fosse lugar de formação integral e integrada”. Neste contexto surge a sua relação com a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), “que tanto promoveu e acarinhou, enquanto promotora de uma apropriação da cultura e dos valores éticos em diálogo com os diversos saberes académicos tendo em vista dotar os alunos de uma chave de leitura ético-moral da existência”.
Serviço da Igreja no mundo socio-caritativo: Farol de esperança
“Defensor da liberdade ética e da dimensão espiritual do ser humano”, Cristina Sá Carvalho recordou a preocupação do prelado pela dimensão social da Igreja com destaque para “as instituições de caridade que deveriam ser faróis de esperança através de um serviço fraterno independente das experiências religiosas de cada um como escolas de vivência gratuita do amor por todos e por cada um ao jeito de Jesus”.
No final da sua emocionada homenagem a responsável do departamento de Catequese acredita que “este homem abriu uma autêntica ‘escola’ na Igreja Conciliar. Um lugar onde a hierarquia significa ter mais responsabilidade e capacidade de serviço. Um ensino que é anamnese para a individualidade de cada um ajudando à construção de uma história pessoal segura de si mesma como afirmou, em certo dia, num encontro com escuteiros”:
‘Deixa a tua marca na história’!