D. Anacleto Oliveira era «próximo de todos» e queria «a reforma da Igreja»

Responsáveis pela Educação Cristã de Viana do Castelo recordam figura “continuamente insatisfeita” e com “grandes intuições para o futuro”

Chegou a Viana do Castelo há 10 anos para a assumir a diocese do alto Minho e rapidamente “entrou no coração de todos pela bondade que sempre manifestava e pela capacidade de escutar a todos”.

“Foi um bispo muito próximo dos professores e dos alunos de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC). Interessou-se por compreender e acompanhar a realidade da diocese e depressa percebeu como chegar ao coração de todos”, recorda lígia Pereira, diretora do Departamento diocesano da EMRC.

Num testemunho sentido a responsável recorda o prelado como “um companheiro próximo de caminhada de todos com quem se cruzou”.

“Era um bispo bom. Um bispo amigo e companheiro. Todos os docentes o viam como seu pastor, amigo e como o ajuda sempre presente nesta caminhada. Foi sem dúvida o que mais incentivou a marcar a diferença na EMRC na diocese”, destaca.

Para Lígia Pereira a “representatividade da disciplina no Alto Minho” fica a “dever muito a D. Anacleto Oliveira, quer pela sua constante presença nas formações ou no «Fórum Festa» com os alunos, quer pelo modo como integrava a visita frequente a escolas da região”.

“Queria sempre conhecer a realidade daqueles com que se cruzava. Fica muito tempo a falar com alunos e professores e conhecia as suas vidas por dentro”, afirma.

Esta proximidade era evidente na grande festa anual da EMRC, o «Fórum Festa» onde fazia questão de marcar presença próxima.

“Todos anos, nos últimos dez, encontrava sempre espaço na agenda pata estar com os alunos e com os professes nesta grande festa da disciplina. Já fazia parte e, muitas vezes, eu que o acompanhava, lá  perdia de vista porque ficava a brincar ou a conversar com os alunos…Mistura-se entre as gentes e não se apresentava como alguém que impunha a autoridade pelo cargo que desempenhava”, completa.

“Um insatisfeito: queria a reforma da Igreja”

Membro da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) durante os últimos 15 anos, a ele ficam associados diversos trabalhos e reformas no setor.

“Como bispo procurava a reforma da Igreja, e sobretudo na catequese ele foi, até pela ligação à CEECDF, alguém que se empenhou na catequese na certeza de que esta está no coração da Igreja e que é essencial para a conversão da própria Igreja”, afirma o padre Vasco Gonçalves, diretor do Secretariado Diocesano da Catequese de Viana do Castelo.

O sacerdote recorda D. Anacleto Oliveira como alguém “que conseguiu intuir o futuro da própria catequese”.

“Sabemos hoje que a catequese está numa fase de impasse onde os esquemas e estruturas já não respondem e sentimos a importância de novos caminhos. O sr. D. Anacleto foi dos poucos homens que teve a intuição de futuro apostando em novos esquemas e formas de estar e fazer catequese”, afirma.

Considerando o prelado “um homem inspirado e que conseguiu ver os caminhos que se abrem diante da Igreja”, o padre Vasco Gonçalves lembra a sua constante preocupação com o setor e a aposta nas catequeses familiar e com os adolescentes em Viana do Castelo.

“Aqui fez uma aposta muito grande na catequese familiar e na catequese dos adolescentes. O que nos pede hoje o novo diretório já em Viana o vamos tentando implementar porque ele teve essa visão, investiu nisso e levou-nos consigo porque conseguia ver os caminhos mais à frente”.

Diretor da Catequese na diocese minhota o padre Vasco Gonçalves destaca a “proximidade com os catequistas e o modo como os encorajava para a missão”.

“Era, aparentemente tímido, mas quando entrava no encontro e no ‘estar’ perdia a noção do tempo, convivia e conversava. Quando falava com os catequistas tinha, talvez, as intervenções mais empolgantes, mais entusiasmantes, a par das comunicações e encontros que mantinha com as crianças em contexto catequético. Tinha um dom especial que lhe vinha do coração. Queria puxá-los, encorajá-los nesta missão porque era alguém que estava sempre insatisfeito com os caminhos que se vão abrindo e queria ir mais longe”, completa.

Educris|20.09.2020

 



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