Audiência-geral:«Liturgia Eucarística: II. Oração eucarística»

Na manhã desta quarta-feira o Papa Francisco encontrou-se na sala Paulo VI, no Vaticano, com milhares de peregrinos para a tradicional audiência-geral das quartas-feiras.

A décima segunda catequese sobre a eucaristia teve como tema «Liturgia Eucarística: II. Oração eucarística»

A Santa Missa - 12. Liturgia Eucarística: II. Oração eucarística

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Continuamos a catequese sobre a Santa Missa e com esta catequese debruçamo-nos sobre a Oração Eucarística. Concluído o rito de apresentação do pão e do vinho, dá-se início à Oração Eucarística, que qualifica a celebração da Missa e constitui-se como o momento central, ordenado para a Sagrada Comunhão. Corresponde ao que o próprio Jesus fez, à mesa com os apóstolos na última ceia, quando «agradeceu» sobre o pão e depois sobre o cálice do vinho (Mt 26,27, Mc 14,23, Lc 22,17,19; 1 Cor 11,24): a sua ação de graças vive novamente em toda a nossa Eucaristia, associando-nos ao seu sacrifício de salvação.

E nesta oração solene - a Oração eucarística é solene - a Igreja expressa o que faz quando celebra a Eucaristia e a razão pela qual a celebra, isto é, para fazer comunhão com Cristo verdadeiramente presente no pão consagrado e no vinho. Depois de convidar as pessoas para elevar os seus corações ao Senhor e dar-lhe graças, o sacerdote pronuncia a Oração em voz alta, em nome de todos os presentes, dirigindo-se ao Pai através de Jesus Cristo no Espírito Santo. «O sentido desta oração é que toda a assembleia dos fiéis se una a Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício». (Instrução Geral do Missal Romano, 78). E para unir-se deve entender. Por esta razão, a Igreja quer celebrar a Missa na linguagem que as pessoas entendam, para que todos se possam juntar a este louvor e a esta grande oração com o sacerdote. Na verdade, «o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício» (Catecismo da Igreja Católica, 1367).

No Missal existem várias fórmulas de Oração Eucarística, todas constituídas por elementos característicos, que gostaria de recordar agora (ver IGMR, 79, CCC, 1352-1354). Todos são lindos. Antes de tudo, há o Prefácio, que é uma ação graça pelos dons de Deus, especialmente por enviar o seu Filho como Salvador. O Prefácio termina com a aclamação do «Santo», normalmente cantado. É lindo cantar o «Santo»: «Santo, Santo, Santo, o Senhor». É bom cantar. Toda a assembleia une a sua própria voz com a dos Anjos e dos Santos para louvar e glorificar a Deus.

Há também a invocação do Espírito a fim de que com o seu poder consagre o pão e o vinho. Invocamos o Espírito para que venha e no pão e no vinho exista Jesus. A ação do Espírito Santo e a eficácia das mesmas palavras de Cristo proferidas pelo sacerdote, tornam realmente presente, sob as espécies de pão e vinho, o seu Corpo e o seu Sangue, o seu sacrifício oferecido na cruz de uma vez por todas (ver CCC, 1375). Jesus nisto foi claríssimo. Ouvimos como São Paulo, no início, dá conta das palavras de Jesus: «Este é o meu corpo, este é o meu sangue». «Este é o meu sangue, este é o meu corpo». É o próprio Jesus quem disse isto. Não devemos fazer pensamentos estranhos: "Mas, como é que algo que ...". É o corpo de Jesus; Está ali! A Fé: a fé vem em nossa ajuda; com um ato de fé, acreditamos que é o corpo e o sangue de Jesus. É o «mistério da fé», como dizemos depois da consagração. O sacerdote diz: "Mistério de fé" e nós respondemos com uma aclamação. Celebramos o memorial da morte e ressurreição do Senhor, aguardando a sua vinda glorioso, a Igreja oferece ao Pai o sacrifício que reconcilia o céu e a terra: oferece o sacrifício pascal de Cristo oferecendo-se com Ele e pedindo, com a graça do Espírito Santo, para se tornar» em Cristo um corpo e um espírito» (Prefácio III, cf. Sacrosanctum Concilium, 48, IGMR, 79f). A Igreja quer unir-se com Cristo e tornar-se um só corpo e um espírito com o Senhor. E esta é a graça e o fruto da comunhão sacramental: alimentamo-nos com o Corpo de Cristo para ser, nós que o comemos, o seu Corpo vivo hoje no mundo.

Este é o mistério da comunhão, a Igreja une-se à oferenda de Cristo e à sua intercessão e, nesta luz, «nas catacumbas, a Igreja é frequentemente representada como uma mulher em oração, de braços estendidos em atitude orante. Como Cristo, que estendeu os braços na cruz, assim, por Ele, com Ele e n'Ele, a Igreja oferece-se e intercede por todos os homens.» (CCC, 1368 (CCC, 1368). A Igreja que ora, que reza. É bom pensar que a Igreja ora, reza. Há uma passagem no Livro dos Atos dos Apóstolos; Quando Pedro está na prisão, a comunidade cristã diz: «Orava incessantemente por ele». A Igreja que ora, a Igreja orante. E quando vamos à missa é para fazer isto: fazer Igreja orante.

A Oração Eucarística solicita a Deus a reúna todos os seus filhos na perfeição do amor, em união com o Papa e o Bispo, mencionados pelo nome, um sinal que celebramos em comunhão com a Igreja universal e com a Igreja particular. A súplica, como a oferta, é apresentada a Deus por todos os membros da Igreja, vivos e mortos, esperando a bendita esperança de compartilhar a herança eterna do céu, com a Virgem Maria (cf. CCC, 1369-1371). Nada nem ninguém são esquecidos na Oração Eucarística, mas tudo é trazido de volta a Deus, como a doxologia que a conclui recorda. Ninguém é esquecido. E se eu tenho alguma pessoa, parentes, amigos, que estão em necessidade ou passaram deste mundo para outro, eu posso nomeá-los naquele momento, interiormente e silenciosamente, ou faço-o escrever para que o seu nome seja dito. “Padre, quanto devo pagar para que o meu nome seja dito ali?” – “Nada”. Percebeste isto? Nada! A Missa não se paga. A missa é o sacrifício de Cristo, é gratuito, A redenção é gratuita. Se queres fazer uma oferta fá-la, mas não se paga. É importante perceber isto.

Esta fórmula codificada de oração, talvez a possamos sentir um pouco distante - é verdade, é uma fórmula antiga – mas, se compreendemos bem o significado, certamente que agora teremos uma melhor participação. De facto, expressa tudo o que fazemos na celebração eucarística; e também nos ensina a cultivar três atitudes que nunca devem faltar nos discípulos de Jesus. As três atitudes: primeiro, aprender a «dar graças, sempre e em todos os lugares», e não apenas em certas ocasiões, quando tudo está certo; Em segundo lugar, fazer da nossa vida um presente de amor, livre e gratuito; terceiro, construir comunhão concreta na Igreja e com todos. Portanto, esta Oração central da Missa educa-nos, pouco a pouco, a fazer de toda a nossa vida uma “eucaristia”, isto é, um ato de agradecimento.

Tradução Educris a partir do original em italiano



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