Francisco reiterou necessidade de modelos socioeconómicos com rosto humano
O Papa Francisco pediu hoje, a todos os atores socioeconómicos, uma “travagem na locomotiva”, num sistema económico que assenta a sua ação “numa lógica implacável de lucro e que está escapando a todo o controlo humano".
“É hora de pararmos esta locomotiva que nos leva rumo ao abismo. Ainda temos tempo”, afirmou numa videomensagem transmitida no IV Encontro Mundial dos Movimentos Populares.
Na sua intervenção o Papa renova o seu compromisso com os Movimentos Populares, a quem apelida de “poetas sociais”, pois “sois criadores de esperança e dignidade”, e pediu, “em nome de Deus, o fim das “patentes das vacinas”, o alívio da “dívida dos países pobres”, a “liberalização dos conteúdos educativos online” e o fim “do neocolonialismo”, entre várias medidas enunciadas e que atingem o setor económico, as corporações e as instituições políticas e religiosas.
Aos participantes do encontro Francisco propôs “um sonho em conjunto” retomando a imagem do “Bom Samaritano”, presente na encíclica Fratelli Tutti, como caminho de ação “contra a injustiça social, racial ou sexista” e a “ferida da dignidade humana”.
“A Doutrina Social da Igreja não tem todas as respostas, mas sim alguns princípios que podem ajudar neste caminho de concretização de respostas e ajudar tanto a cristãos como a não cristãos”.
O Papa desafiou os líderes sociais, sindicais, religiosos, políticos e empresários” a lerem o “capítulo 4 do compêndio da Doutrina Social da Igreja” onde “estão compiladas as linhas propostas pela Igreja” para um mundo mais humano.
Como “aplicação prática da Doutrina Social” o Papa apontou a criação de “um salário universal, que permita a que cada pessoa tenha acesso aos bens mais elementares da vida” e “uma redução da jornada de trabalho” que permita que mais “pessoas possam ter acesso ao mercado de trabalho ao mesmo tempo que outros podem descansar do excesso de tarefas”, apontou.
No final da sua intervenção Francisco reafirmou o seu compromisso de “colocar a economia ao serviço dos povos” de modo a “garantir a justiça social e o cuidado com a casa comum” promovendo “a Agenda da Terra, Casa e Trabalho”, concluiu.
Educris|16.10.2021