Lamego: «Estar próximos dos catequistas e das comunidades eclesiais», Isilda Montenegro

Responsável da Catequese de Lamego apresenta desafios de uma catequese em confinamento

Isilda Montenegro é médica e dirige o Secretariado diocesano da Catequese da Diocese de Lamego. Ao longo de ano e meio acompanhou “as dores, as dúvidas e os dramas humanos” do hospital onde trabalha e uma “mudança difícil” na transmissão da fé numa diocese “envelhecida” e onde “crianças, famílias e comunidades cristãs” se uniram reprogramar a “transmissão da fé”, num tempo difícil.

Como está a realidade da catequese em Lamego?

Isilda Montenegro: Tendo em conta a situação difícil, a catequese, diria, que conseguir percorrer um caminho importante. O Secretariado tem procurado ter uma presença constante junto das paróquias e, após alguns medos e hesitações, foi possível arranjar soluções adaptadas a cada situação particular, com destaque para uma grande participação de todos os intervenientes. O importante tem sido mesmo o estar próximo dos catequistas e das comunidades eclesiais. Montámos, neste ano e meio de experiência, um sistema que foi sendo aprimorado, com procedimentos de segurança e modos de proceder diferenciados. Penso que se a pandemia não der tréguas temos hoje um sistema, de recurso é certo, mas seguro para continuar estre trabalho da transmissão da fé nas comunidades cristãs.

Que desafios se colocam a uma catequese em ‘estado’ pós-pandémico?

Isilda Montenegro:  Essencialmente dois tipos de desafio muito distinto. Falta-nos ‘massa critica’ e com isto quero dizer que nos faltam crianças, adolescentes e jovens. Temos dificuldade, já a sentíamos antes da pandemia, em seguir o plano nacional da catequese pela falta de crianças. Temos já muitos casos, em paróquias mais isoladas, onde temos de juntar faixas etárias distintas, em algumas paróquias funciona-se já sem todos os anos de percursos. Temos procurado juntar crianças de paróquias vizinhas para que o ‘estar’ e o ‘fazer caminho’ em catequese possa ser uma experiência alargada. Em termos de adolescência temos dificuldade nas diferentes propostas por causa do peso do grupo e da sua importância no caminho da fé. Para além disto é preciso entender que hoje temos a concorrência de uma panóplia de atividades que colidem, não poucas vezes, com a catequese. Por fim faltam-nos ‘recursos humanos’. Temos hoje um grande grupo de catequistas já idoso, muito ativo e comprometido, e que são verdadeiros heróis no acompanhar do crescimento da fé dos mais novos, mas precisamos de formar uma nova geração de catequistas, adaptada aos novos métodos e capaz de fazer a natural substituição geracional.

Como é que o secretariado diocesano se faz presente junto das comunidades e dos catequistas?

Isilda Montenegro:  Sentimos uma grande necessidade de ir ao encontro dos catequistas em cada realidade paroquial.  Temos hoje uma equipa jovem no secretariado da catequese que procura fazer-se próximo, quer com a formação presencial, quer com a informação, no nosso site, que permite fazer ligações, partilhar boas práticas, e que apoia os catequistas de Lamego. Aí vamos disponibilizando conteúdos que vão ao encontro das suas necessidades.

Uma das nossas preocupações passa por fazermos um levantamento do número de catequistas e catequizandos que frequentam a catequese. Estamos em processo para tentar perceber quantos somos e onde estamos. Para isso enviámos o inquérito a todos os párocos e também o disponibilizámos online para que todos possam responder a algo que consideramos muito importante para as estratégias que queremos implementar.

Em pandemia “aprender a diz sim”

Jéssica Neves é farmacêutica e pertence à equipa diocesana da catequese de Lamego. Na equipa tem estado a dinamizar o ‘Say Yes’, o projeto de Catequese com adolescentes rumo a Lisboa 2023.

Ao EDUCRIS a responsável deu conta da presença da iniciativa “nas paróquias da cidade” e explica “o desafio de começar o projeto no meio da pandemia numa paróquia de aldeia”.

“Decidimos começar na minha paróquia. É um projeto desafiante e as crianças tem respondido com muita vontade”.

Numa paróquia “com poucas crianças” Jéssica Neves, juntou crianças dos dez aos dezasseis anos sempre em regime online.

“De início foi interessante ver as reações dos catequizandos. Todo este tempo temos tido encontros online e o proprio projeto é desafiante para o catequista porque nos obriga a estudar, a experimentar e a viver”, explica.

Para Jéssica Neves a principal dificuldade “prende-se com o modo como o online não nos permite estar tão próximos uns dos outros, dificultando um conjunto de dinâmicas que ajudam o grupo a crescer”.

No segundo ano do projeto a catequista dá conta “a alegria dos adolescentes em percorrem um itinerário que lhes dá a conhecer a história das Jornadas Mundiais da Juventude” e percorre temáticas “fundamentais para o crescimento mais completo das novas gerações”.

Educris|15.07.2021



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