Braga: «A Fé e a esperança são fundamentais para este tempo», Pedro Strecht (C\Vídeo)

Psiquiatra foi o convidado de mais um «Sumário com Fé» que decorreu em Braga

Pedro Screcht, psiquiatra, foi o orador convidado do «Sumário com Fé», uma iniciativa do Departamento para a Presença da Igreja no Ensino (DPIE), da Arquidiocese de Braga, que decorreu no passado dia 7 de maio.

Numa conferência sobre o tema «Como educar para a proximidade em tempo de distanciamento?», o especialista considerou a “fé e a esperança” como fundamentais na atualidade”.

“A fé tem a ver com o movimento interior de acreditarmos para lá do visível e palpável. É o que pomos no espaço do transcendente simbólico. A esperança, permite-nos, mesmo no meio das dificuldades, continuar a olhar para o futuro e ir contruindo o que é essencial”, explicou.

 Aos docentes das Escolas Católicas e professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), o especialista recordou que o primeiro passo da educação passa por “trazer para fora o potencial do outro” numa experiência “sempre coletiva e em vários atos”.

“Educar não se faz individualmente. É uma construção que vem de trás e se projeta no futuro. Devemos sempre pensar a criança no meio das suas interações: Pais, família, escola, meio”, considerou.

Para o psiquiatra, e no meio da pandemia é fundamental “envolver a criança ou o bebé algo que o relaxe e o faça sentir seguro” para que se possa ir apresentando “os lugares do incerto, longe das certezas do poder da técnica e da ciência”.

Num ano marcado “por questões de distanciamento de ordem física, psíquico e social”, o especialista considerou que “a saúde psicossocial é um desafio muito grande para a sociedade” num país que despertou para “um quinto da sua população na pobreza e muitas escolas abertas para poderem dar refeições condignas aos mais novos”.

“Esta pandemia pode ser uma lição de esperança para o futuro. Levou-nos a refletir, de maneira muito pragmática, acerca da vida porque as épocas de crise trazem consigo potencial de mudança”.

Para Pedro Strecht o confinamento trouxe consigo para as crianças e adolescentes “muitas perturbações no humor, com pouca capacidade de concentração e com quadros pré depressivos”.

“Deu-se um certo desencantamento com a centralidade de nós. Estamos seguros do poder da técnica e da ciência sobre o imprevisto e o imprevisível, tomando, cada vez mais, uma certa noção de amortalidade (convicção de que apenas com o fim celular morremos) que cai por terra com esta pandemia”, alertou.

Numa sociedade que situou como “hedónica e baseada em situações economicistas”, o psiquiatra alertou para a subida “das vendas dos psicofármacos de venda livre” num Portugal já bem “acima da média europeia”.

“Consumimos mais ansiolíticos, psicofármacos do que antibióticos e isso tem de nos manter alerta”.

Para o futuro, mesmo com distanciamento físico, Pedro Strecht sustentou a necessidade de se “manter pontos de fuga e portos de abrigo, como as escolas, bem presentes para que a esperança e o alento nos ajude a ir além”.

No início da sessão o padre Ruben Cruz, diretor do DPIE, agradeceu o papel dos professores no confinamento apelidando-os de “heróis”.

“Num tempo m que as funções parecem graduar-se por linhas escaladas de heroicidade não sabemos se vos colocamos em primeiro ou segundo, mas sabemos que sois heróis”.

O responsável católico refletiu sobre a importância da temática a partir do “contributo cristão na construção da sociedade”.

“Contribuir para a formação das novas gerações e com estas construir uma humanidade é imperativo dos cristãos. A educação enquanto tarefa e nobre missão ao serviço dos outros é desiderato da Igreja. Olhando os sinais dos tempos a Igreja procura ser presença qualificada e qualificadora da formação da pessoa toda”, concluiu.

Educris|09.05.2021



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