Epifania: «O Reino de Deus cresce por testemunho, não por proselitismo», Papa Francisco

Na Solenidade da «Epifania do Senhor» Francisco citou o papa emérito para recordar que “a Luz que é Cristo” não se difunde “pelos poderosos meios dos impérios deste mundo”, mas através “do anúncio, da palavra e do testemunho”.

Leia, na íntegra, a alocução do Santo Padre

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje celebramos a solenidade da Epifania, isto é, a manifestação do Senhor a todos os povos: de facto, a salvação realizada por Cristo não conhece limites, é para todos. A Epifania não é outro mistério, é sempre o mesmo mistério da Natividade, mas vista na sua dimensão de luz: luz que ilumina cada homem, luz que deve ser acolhida na fé e luz que deve ser levada aos outros na caridade, no testemunho, no anúncio do Evangelho.

A visão de Isaías, recordada na liturgia hodierna (cf. 60,1-6), ressoa no nosso tempo mais atual do que nunca: «As trevas cobrem a terra, e densas nuvens cobre os povos» (v. 2). Neste horizonte, o profeta anuncia a luz: a luz dada por Deus a Jerusalém e destinada a iluminar o caminho de todos os povos. Esta luz tem o poder de atrair a todos, de perto e de longe, todos se propõem a alcançá-la (cf. v. 3). É uma visão que abre o coração, infunde alento, convida à esperança. Claro, as trevas estão presentes e são ameaçadoras na vida de todos e na história humana, mas a luz de Deus é mais poderosa. Trata-se de acolhê-lo para que brilhe sobre todos. Mas podemos perguntar-nos: onde está essa luz? O profeta vislumbrava-a de longe, mas era o suficiente para encher o coração de Jerusalém de alegria incontida.

Onde está essa luz? O evangelista Mateus, por sua vez, ao relatar o episódio dos Magos (cf. 2, 1-12), mostra que esta luz é o Menino de Belém, é Jesus, embora nem todos aceitem a sua realeza. Mais, alguns rejeitam-n’O, como Herodes. Ele é a estrela que apareceu no horizonte, o Messias esperado, Aquele por meio de quem Deus realiza o seu reino de amor, o seu reino de justiça, o seu reino de paz. Nasceu não só para alguns, mas para todos os homens, para todos os povos. A luz é para todos os povos, a salvação é para todos os povos.

E como ocorre esta "irradiação"? Como se espalha a luz de Cristo em todos os lugares e em todos os momentos? Tem o seu método de difusão. Não o faz por meio dos poderosos meios dos impérios deste mundo, que estão sempre à procura de o dominar. Não, a luz de Cristo é difundida através da proclamação do Evangelho. O anúncio, a palavra e o testemunho. E com o mesmo “método” escolhido por Deus para vir até nós: a encarnação, isto é, tornar-se próximo, encontrar o Outro, assumir a sua realidade e levar o testemunho da nossa fé, a cada um. Só assim a luz de Cristo, que é Amor, pode brilhar sobre quem o acolhe e atrai os outros. A luz de Cristo não se espalha apenas com palavras, com falsos métodos de negócios ... Não, não. Fé, palavra, testemunho: deste modo amplia-se a luz de Cristo. A estrela é Cristo, mas também nós podemos e devemos ser a estrela, para os nossos irmãos e irmãs, como testemunhas dos tesouros da infinita bondade e misericórdia que o Redentor oferece gratuitamente a todos. A luz de Cristo não se expande por proselitismo, mas pelo testemunho, pela confissão de fé. Também pelo martírio.

Portanto, a condição é acolher essa luz em si mesmo, aceitá-la cada vez mais. Aí de nós se pensássemos que a possuíamos! Aí de nós se pensássemos que só teríamos de "administrá-la"! Também nós, como os Magos, somos chamados a deixar-nos sempre fascinar, atrair, guiar, iluminar e converter por Cristo: é o caminho da fé, através da oração e da contemplação das obras de Deus, que continuamente nos enchem de alegria e maravilha, uma maravilha sempre nova. O desassombro é sempre o primeiro passo para avançar nessa luz.

Invoquemos a proteção de Maria sobre a Igreja universal, para que ela espalhe por todo o mundo o Evangelho de Cristo, luz de todos os povos, luz de todos os povos.

Tradução Educris a partir do original em italiano

Educris|06.01.2021



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