Lisboa: «Sem a Maria Luísa a catequese não era a mesma coisa», D. Rui Valério

Patriarca de Lisboa presidiu à Missa exequial de Maria Luísa Paiva Boléo (1941-2024)

D. Rui Valério afirmou ontem ao final da tarde que “ninguém era indiferente pelo modo como Maria Luísa fazia falar a Palavra de Deus”.

“A Maria Luísa escutou a voz de Deus, acolheu-a, para dela ser depois ressonância, para depois ser testemunha e missionária. Os ensinamentos, a partilha, o testemunho e tudo aquilo que era profecia emanada da nossa irmã. Não era apenas uma maravilhosa e magnífica ciência catequética, era mais do que isso: era Palavra de Deus”, afirmou na homilia da Eucaristia exequial na igreja paroquial de Casal de Cambra, na região de Lisboa.

Durante a sua homilia o patriarca de Lisboa destacou o papel desta catequista afirmando que ““viveu sempre na glória de Deus” e trazia consigo “a arte” de “simplificar, tornar acutilante e penetrante” a Palavra de Deus.

“À Maria Luísa nós devemos a graça de também podermos dizer: ‘Finalmente, ouvi a Palavra de Deus’, de tal maneira ela a traduzia. Era capaz de a encarnar, de a simplificar, de a tornar acutilante e penetrante. E sobretudo de lhe dar aquela capacidade que a Palavra de Deus tem de ter sempre: ou seja, a personalização. É uma Palavra dirigida a ti, é uma Palavra que fala a tua vida, a tua existência. Maria Luísa tinha esta arte de fazer da catequese lugar de sustento da Palavra de Deus e de mergulhar no seu mistério”, desenvolveu.

Depois de mais de 60 anos como catequista no Patriarcado de Lisboa, e formadora de largas centenas de catequistas em todo o país, Maria Luísa Trincão de Paiva Boléo começou cedo a sua tarefa de evangelizadora.

“Em Cristo, saúdo a nossa irmã Maria Luísa, que desfruta já dessa nova condição de ter alcançado uma eternidade, a plenitude da vida que o Senhor ressuscitado comunica a todas e a todos aquelas e aqueles que Ele ama. Uma saudação de agradecimento ao Senhor pela obra que fez na e com a nossa irmã e através dela em benefício e em prol de toda a Igreja, particularmente de toda a Igreja em Portugal, concretamente de Lisboa, nomeadamente nessa dimensão tão vital, tão fundamental, como é a catequese”, afirmou D. Rui Valério.

Partindo das leituras propostas pela liturgia, e que apresentam a visão do apóstolo João acerca de “um novo céu e uma nova terra”, o patriarca de Lisboa sustentou a ideia de que “Também a nossa irmã Maria Luísa, ao longo da sua vida, não cessou jamais de nos testemunhar como também ela viu um novo céu, via a nova terra”.

“Via esse novo céu que, para ela, era a origem e a fonte de onde efetivamente emanava a nova Jerusalém, a Igreja. Para a nossa irmã, a Igreja não era apenas uma maravilhosa invenção ou obra humana. A Igreja afundava as suas raízes no próprio coração de Deus. Um coração que a fascinou desde tenra idade, que a atraiu e que, de certa forma, era esse coração como que uma fonte a que Maria Luísa sempre regressava, sempre voltava para recuperar para si força, alento e esperança para prosseguir na caminhada da sanidade”, lembrou.

Um sentido Obrigado em nome de todas as dioceses de Portugal

Perante uma igreja cheia de fiéis de todo o país o prelado destacou “a pureza de coração” desta catequista ímpar na história do último século da catequese portuguesa.

“A pureza de coração significa uma alma plena, preenchida pela graça de Deus. A humildade com que a Maria Luísa nos partilhava a sua longa e profunda sabedoria, a humildade com que ela se colocava na catequese entre os seus pares, ou então até entre os seus discípulos, refletiu muito bem a grandeza, a profundidade desta pureza de coração”, referiu.

No final da sua homilia, e reiterando “o muito obrigado” já expresso no início da celebração, D. Rui Valério quis agradecer “em nome do Patriarcado de Lisboa, mas também falando em nome do Senhor D. Joaquim [ndr: D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa] e de todos os outros meus irmãos Bispos, ou seja, de todas as dioceses de Portugal, só podemos aqui pronunciar uma palavra por tudo o que a Maria Luísa deu na implementação, no caminho, na promoção, no rosto, na dinâmica, na importância da catequese”.

“Como dizia alguém: ‘Sem a Maria Luísa, sim, haveria catequese na mesma, mas não era a mesma coisa’. Então, vamos-lhe dar um grande obrigado e que ela, na glória de Deus onde sempre viveu, interceda pela catequese, pelos catequistas e pelos catequizandos de todos os tempos”, terminou o Patriarca de Lisboa.

Após a Eucaristia o funeral seguiu para o Cemitério de Caneças.

Educris|02.05.2024



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