Fátima: Secretariados analisaram «função pastoral e educativa» numa escola em mudança

Iniciativa contou com os responsáveis de todos os secretariados diocesanos da EMRC e decorreu hoje em Fátima.

Na manhã deste sábado, dia 4 de novembro, os diretores diocesanos da EMRC debateram as questões da “autonomia e da flexibilidade curricular” e analisaram a “dinâmica do concurso deste grupo disciplinar olhando interpelações e desafios”.

Da parte da tarde o novo presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), D. António Moiteiro, proferiu uma conferência subordinada ao tema «A função pastoral (e educativa) dos secretariados diocesanos da EMRC.

Consciente de que não existem “varinhas mágicas” que resolvam as diversas situações e apresentem, de maneira fácil, soluções para os constantes desafios, o prelado deixou dois desafios ao trabalho dos secretariados diocesanos: “formar e acompanhar os docentes proporcionando atividades de crescimento pessoal e extra-curricular aos alunos”.

Uma mudança de paradigma

No início da sua reflexão D. António Moiteiro fez referência ao recente livro «História do Ensino da Doutrina Cristã na Escola» que traça um perfil histórico do Ensino Religioso Escolar (ERE) em Portugal e contribuí para perceber a mudança de paradigma dos últimos trinta anos:

“Antigamente o ERE era lecionado na escola portuguesa partindo da perspetiva sociológica em que um número significativo dos alunos tinham uma ligação quase sempre clara e assumida com o fenómeno religioso cristão. Hoje isso não acontece e é urgente percecionarmos que o centro do ensino do ERE na escola deve assumir-se como um ‘despertar da fé’, o chamar a atenção para a dimensão transcendental e religiosa da vida dos nossos jovens”.

EMRC e Catequese: Distinção e proximidade

Assumindo que a “Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) não é equivalente à catequese paroquial” o presidente da CEECDF apontou “algumas dimensões onde se tocam", nomeadamente no "desafio de abrir horizontes para a possibilidade do crer”:

“O professor, em contexto de sala de aula, também funciona como mediador entre o transcendente e os alunos. A EMRC não transmite uma ideologia, por mais válida que possa ser, mas a proposta de um encontro com Alguém. Ao fazê-lo estamos a dar aos alunos a possibilidade de escolher também um projeto válido de vida na compreensão de uma cultura, de um povo e de uma história comum indissociável do cristianismo”, apontou.

Assim, “falar de iniciação da fé em EMRC é tomar consciência da possibilidade ofertada às novas gerações de resposta às inquietações acerca do sentido da existência”.

O dever da Igreja na Educação: O papel do professor de EMRC

Olhando para a história educativa em Portugal, e para o “papel fundamental da Igreja na escolarização portuguesa”, D. António Moiteiro afirmou que este facto se deve “à certeza de que a Igreja teve e tem o dever de oferecer à família e à escola um serviço de excelência e qualidade”.

Deste modo, sustentou, é fundamental que os secretariados diocesanos “promovam ações de formação dos docentes, apoiando-os administrativamente, definindo percursos e perfis e desafiando-os a crescerem também a nível espiritual”:

“Espera-se uma presença da Igreja nas Escolas de qualidade e de referência num quadro legal que equipara a EMRC a qualquer outra área do saber curricular e torna-se, por isso, fundamental zelar pela formação ética, cívica, pedagógica e religiosa dos docentes”.

“Aqui o papel dos secretariados é fundamental na criação de oportunidade formativas, de acompanhamento pessoal e de partilha de experiências”.

Uma escola em mudança: Oportunidades e desafios

Na parte final da sua reflexão D. António Moiteiro lembrou que “as convulsões no sistema de ensino também têm repercussões na EMRC porque a mesma está no sistema”. Para o prelado o Hoje é “uma oportunidade de fazer a diferença para bem dos alunos e das famílias ajudando as escolas e as novas gerações na construção de uma sociedade mais humana, justa e equitativa.

O presidente da CEECDF manifestou o seu apreço, “e o de toda a Igreja” aos “que se dedicam de alma e coração à EMRC” e pediu aos secretariados diocesanos “coragem para não cair no vazio de quem pensa que nada tem para oferecer”.

“Só com animo poderemos ajudar a que o diálogo entre a fé e a cultura possa coexistir”, afirmou.

Educris|04.11.2017



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