Dia Mundial dos Pobres: «A Escola ainda deixa muita gente para trás», José Teixeira

Celebra-se hoje, pela quinta vez, o Dia Mundial dos Pobres. «Jesus representa todos os pobres.»[1] Há um texto que todos aqueles que “sujam” as mãos com a leitura da Sagrada Escritura (Evangelho de S. Mateus, 25, 31 – 46) nunca poderão deixar de ler.

O amor e o cuidado (serviço fraterno aos outros) deviam ser a única forma de poder. Quem exerce qualquer tipo de poder para roubar, passar indiferente e esmagar os outros não serve para seguir Jesus. Quem não precisa de se converter, pedir perdão e plantar mais alegria onde ela faz falta? Para mim continua a ser muito enriquecedor ouvir as histórias dos que vivem com muito pouco, mas sorriem, abraçam e repartem quem são e o pouco que têm com aqueles que ainda têm menos do que eles.

A fome continua a fazer sangrar o mundo. Fome de pão, de cuidados de saúde, de educação, de amor, de acolhimento, de paz! Não sei se podemos acreditar que vem aí um grande futuro. Eu tenho de creditar que sim.

Somos professores, mestres na arte de dialogar, educar e caminhar juntos com as gerações mais novas. É bom que carreguemos às costas esse futuro ainda tão frágil e incerto. Sinto que a escola (o sistema de ensino que temos) ainda deixa muita gente para trás. Gastam-se muitas energias e recursos ingloriamente: publicitam-se metas, planos e etc., mas isso não cria raízes de futuro na vida de todos. Antigamente, em Portugal, muitos e muitíssimas praticamente não chegavam a frequentar uma escola. Hoje, acredito, toda a gente passa uma parte significativa da sua vida na escola, contudo, para muitos e muitas isso não os livra de saírem de lá (sem competências e as ferramentas necessárias para singrar na vida) diretamente para a marginalidade e para a exclusão. Isso é inaceitável. «Com grande humildade, temos de confessar que muitas vezes não passamos de incompetentes a respeito dos pobres: fala-se deles em abstrato, fica-se pelas estatísticas e pensa-se sensibilizar com qualquer documentário. Ao contrário, a pobreza deveria incitar a uma projetação criativa, que permita fazer aumentar a liberdade efetiva de conseguir realizar a existência com as capacidades próprias de cada pessoa.»[2]

 


[1] Eugénio Fonseca, Jesus representa todos os pobres, Paulinas, 2021

[2] Mensagem do Papa Francisco para este dia.




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