Angra: «O Credo tem lugar numa catequese sistemática», cónego Hélder Fonseca Mendes

Sacerdote açoriano afirmou aos responsáveis de catequese que o CREDO não faz parte de um primeiro anúncio, mas enquadra-se na lógica da mistagogia

O Cónego Hélder Fonseca Mendes disse ontem que o Credo não deve estar presente “num primeiro anúncio”, dentro da catequese, mas deve “entrar numa segunda fase, mais catequética”.

“Numa segunda fase podemos estabelecer uma grande ligação entre catequese e Credo porque aquilo que são as propriedades do Credo, fixado no essencial, sistemático, orgânico pensado, é aquilo que deve ser a catequese”, disse.

Na última conferência do 62º Encontro Nacional de Catequese, subordinada ao tema «A afirmação da Fé na catequese: do professado ao vivido», o sacerdote afirmou não ver “problema” na integração do Credo na catequese sistemática até porque “se trata da explicitação da fé dos apóstolos e ajuda a catequese a explicar a fé como resposta e não como problema”.

“O mistério permanece sempre e temos de ter a linguagem, no menos mal possível, para que se possa dizer o melhor possível o mistério de Deus”, desenvolveu.

Para o pároco da Matriz de Santa Cruz da Praia, na ilha Terceira, a dificuldade sentida em muitas latitudes prende-se com o modo como se introduz o Credo na realidade catequética.

“O Credo faz parte das catequeses mistagógicas e não como primeiro anúncio. É a explicitação da história da salvação pensada que toca a dimensão do ser humano, a dimensão noética, ou do pensamento, que pode ser mais dura de tratar na catequese e que pode ser mais difícil de tratar na catequese”, observou.

Perante as dificuldades que podem “vir da parte dos catequistas ou dos catequizandos”, o sacerdote considerou as mesmas naturais tendo em conta a forma e o modo como pensamos a fé, hoje.

“Quando se começa a elevar um bocadinho a linguagem, ou o pensamento – o sentido da fé pode ser pensado – porque se rezamos podemos pensar sobre o que rezamos. Se pensar dá trabalho, às vezes a linguagem não é comum ao que utilizamos, temos então algumas dificuldades”.

Na sua reflexão, e dando conta de que o Itinerário para a Catequese trata o Credo “em dois anos consecutivos”, o sacerdote dos Açores desejou que os catequistas sejam hoje capazes de adequar o mistério à realidade na consciência da insuficiência da linguagem para dizer o inenarrável.

“Nesta conferência partimos de uma canção de Pedro Abrunhosa que diz ‘que o amor te salve’ e portanto, a questão do Mistério de Deus, que só Deus pode salvar, perdoar e redimir está sempre presente na catequese”.

Perante a terminologia “com uma linguagem de há 1700 anos”, a catequese deve procurar “o equilibro entre a afirmação divindade de Jesus e da sua humanidade”.

“O documento da Comissão Teológica internacional traz-nos a vantagem de podermos entrar em comunhão com Deus e não perdermos a comunhão com a humanidade”, acrescentou.

No final da sua apresentação o cónego Hélder Fonseca Mendes reafirmou que a necessidade de “dar razões da esperança, com inteligência, com a razão”, leva ao recurso “à linguagem para dizer a fé”.

Educris|03.05.2025



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