Angra/ENC: «Precisamos de catequistas hermeneutas e cristãos coerentes», padre Pedro Lima

Especialista em teologia Dogmática trouxe aos responsáveis de catequese o desafio afirmação da fé na atualidade, entre o professado e o vivido

O padre Pedro Lima disse hoje que “recitar com fé o Credo é mais do que um ato de repetição litúrgica” e configura-se como oportunidade para entrar verdadeiramente em comunhão com o mistério trinitário: Deus Pai, Filho e Espírito Santo”.

Na conferência que trouxe, esta manhã, ao 62º Encontro Nacional de Catequese, o sacerdote do Faial destacou a importância de “compreender o Credo como expressão profunda da fé cristã” e como “chave para uma antropologia que se enraíza no divino”.

“Não nos esqueçamos que os grandes concílios da Igreja — Niceia, Constantinopla e Éfeso — são momentos fundacionais na definição dogmática sobre a natureza de Deus e de Jesus Cristo. O termo ‘consubstancial’, definido em Niceia, é um dos pilares da nossa fé. Aqui sintetiza-se a fé da Igreja na divindade do Filho, mesma substância do Pai”, explicou.

O Catequista deve ser o hermeneuta da atualidade

Procurando relacionar a “afirmação dogmática da fé”, nos vários momentos conciliares, com a catequese, o especialista em Teologia Dogmática defendeu que o catequista é, antes de tudo, um hermeneuta.

“O catequista é alguém que interpreta e traduz para os mais novos a mensagem eterna de Deus. Cada texto bíblico tem o seu horizonte, e o papel do catequista é fazer com que esse horizonte fale ao hoje da história”, afirmou, destacando o evangelista Mateus como “o grande catequista” por excelência.

“Precisamos de estar inseridos na linguagem do mundo, para podermos falar na realidade de Cristo. Temos o magistério, a sagrada escritura, o sentir do povo de Deus, para não resvalarmos para o sincretismo”, desenvolveu.

Lembrando que a sinodalidade é um modo de “atuar” que já está presente “no sinédrio judaico e na Roma Antiga”, não se tratando por isso de um a ‘moda’ para a Igreja, o padre Pedro Lima contextualizou Niceia e destacou o papel do imperador que convoca o Concílio para que a fé se diga no plural.

“O credo de Niceia começa com ‘Cremos’, e o do século II começa com ‘creio’, uma profissão de fé pessoal e consciente”.

Cristianismo do futuro: novas linguagens, e o aprofundamento do crer, pessoal e comunitário

Numa europa que contrasta com outras latitudes, onde o cristianismo cresce, o padre Pedro Lima sustentou a ideia de que “falta à europa a coragem de ‘passar à outra margem’. É preciso dar o salto do que somos para o que nos queremos tornar. Na Coreia do Sul, onde não estão imersos nesta cultura, o cristianismo aparece como uma opção nova e radical de vida. Aqui temos de nos reinventar para apresentarmos a mesma proposta com novas linguagens. Cristo é capaz de ser desafiante e sempre vivo”.

No final da sua intervenção o sacerdote lembrou que “o cristianismo deseja falar ao homem de hoje e para isso, à semelhança do seu Mestre, deve conhecer a realidade para saber a linguagem a usar. Cristo chocou com a imagem de Deus. A Igreja tem de chocar. De apresentar com coragem e ser coerente na vida, pois o mundo aprecia isso. Uma viva autêntica, à semelhança de Jesus”, completou.

Educris|02.05.2025



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