Sacerdotes algarvios ficaram a par das alterações do roteiro de catequese na Igreja Católica em Portugal
A catequese está a mudar todo o paradigma e a aproximar-se mais de um “percurso de adesão à pessoa de Jesus Cristo”, abandonando o paradigma “escolar” dos últimos anos.
“A catequese está orientada para formar pessoas que conheçam, cada vez melhor, Jesus Cristo e o seu evangelho de salvação libertadora, que vivam um encontro profundo com ele e que escolham o seu estilo de vida e os seus próprios sentimentos”, explicou o padre Pedro Manuel, da catequese do Algarve na sessão de esclarecimento acerca do Novo Itinerário e da Coleção Emaús, que apresentou ao clero algarvio.
Na assembleia, que teve lugar no próprio Seminário de São José de Faro, diretor do Secretariado Diocesano da Catequese fez memória do “historial do percurso catequético em Portugal” e explicou que a alteração do paradigma para a catequese nasce da interpelação do Papa Francisco aos bispos portugueses, em 2015, aquando da visita ad Limina.
“Por causa da visita, dois anos depois, após o período sinodal de auscultação das dioceses, a Conferência Episcopal Portuguesa lança a carta «Catequese: A alegria do encontro com Jesus Cristo»”, sustentou citado pelo Folha do Domingo.
Já em 2020 surge o novo Diretório para a Catequese, editado pelo Vaticano e que vai dar “sentido e orientação para “o novo itinerário catequético”.
“Toda a formação dos catequistas nasce a partir do novo itinerário. O «Ser Catequista» vem substituir o ‘curso de iniciação catequética’ e apresenta-se, também ele, mais como um percurso de adesão do que um curso que se faz”, explicou.
Consciente de que o novo Itinerário “é um grande desafio” para a Igreja, o sacerdote considerou que o mesmo tem, entre as várias preocupações, uma de cariz “sociológico”.
“Houve a necessidade não só de uma renovação dos materiais catequéticos, mas de uma nova visão sobre o processo de evangelização e da missão da própria catequese, centrada no querigma e acentuadamente mistagógica e missionária”.
Trata-se então de um “novo modelo de catequese”, que passa do “escolar ao de inspiração catecumenal”, ou seja, que garante “não apenas conhecimentos cerebrais, mas o encontro pessoal com Jesus Cristo”, e com “um novo paradigma”: “evangelizador e centrado no primeiro anúncio”.
Outra das preocupações do Itinerário é garantir um lugar e um papel ativo para as famílias no processo de adesão à fé.
“Este novo paradigma exige que o caminho de iniciação cristã seja dirigido não só às crianças, mas também as famílias”.
“A iniciação cristã dos filhos constitui uma oportunidade para a realização de um percurso de que envolve toda a família”, desenvolveu.
O diretor do Secretariado Diocesano da Catequese explicou ainda que no novo itinerário a administração dos sacramentos é inserida “dentro de um movimento de escuta, caminho, identificação/adesão e desligada da idade, das expetativas e da lógica do «sempre foi assim»”.
Sobre a coleção «Emaús», que verte em materiais as intuições e orientações para os quatro tempos do Itinerário, o sacerdote deu conta de que o processo “está em marcha” estando já disponível o primeiro material para o percurso 3 do tempo do ‘Aprofundamento mistagógico’.
“Na melhor das hipóteses, no final do ano pastoral 2024/2025 é que teremos a maior parte da coleção feita”, concluiu.
Educris com Folha do Domingo|22.03.2024