Resultados do documento foram apresentados pelo Setor da Catequese do Patriarcado de Lisboa na Assembleia Diocesana de Catequistas
Um estudo, com os resultados de 1400 inquéritos sobre o impacto dos confinamentos e da pandemia mostra que a mesma “não abalou significativamente a fé” dos católicos no Patriarcado de Lisboa.
“A pandemia não abalou significativamente a fé, pelo contrário, foi um alicerce importante para ajudar as famílias, adolescentes e catequistas a ultrapassar as dificuldades”, pode-se ler-se no relatório que ontem foi apresentado aos catequistas num encontro que decorreu online.
Sob o tema «olhares sobre a pandemia, releitura da vivência da catequese» o inquérito foi realizado em 26 paróquias, envolvendo 558 famílias, 601 adolescentes, 289 catequistas e 19 párocos, tendo sido incluídos os desenhos de crianças dos 6 aos 8 anos de idade.
Para a investigadora da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Patrícia Dias, também ela catequista na Diocese de Setúbal, o estudo mostra que 65,1% das crianças e adolescentes continua a preferir a “catequese preferencial” por permitir “o contacto com os pares e com o catequista e por terem mais dificuldades em acompanhar a partir de casa”.
Ao longo dos dois confinamentos o estudo revela que 95,2% dos grupos inquiridos no Patriarcado de Lisboa tiveram catequese online. Para isso mostrou-se essencial o esforço realizado pelo Sector da Catequese que procurou envolver os agentes de pastoral em sucessivas formações online para melhorar as competências digitais.
Uma espiritualidade fortalecida
O estudo mostra que 39,7% das famílias inquiridas afirma “rezar mais frequentemente com a pandemia” e 15% diz ter “começado a rezar em família” durante a pandemia.
“Este estudo mostra-nos que os catequistas não quiseram ficar para trás quando as atividades presenciais foram suspensas”, afirmou aos catequistas o padre Tiago Neto diretor do Setor da Catequese do Patriarcado de Lisboa.
Para o responsável a pandemia deve constituir-se como “uma oportunidade de repropor a fé aos mais novos, enquadrados pelas famílias” e reforçou a ideia de que isto é um dos grandes desafios dos próximos anos.
Os párocos inquiridos vão na mesma linha e 63,2% afirma que esta e uma “oportunidade para melhorar o trabalho com as famílias” e criar “uma dinâmica evangelizadora adaptada à nossa situação” (57,9%).
Catequese deve ter em conta a cultura
D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa encerrou os trabalhos com a conferência «Catequese e evangelização, a inculturação da fé» e chamou a atenção para a "pluralidade de culturas que temos no Patriarcado, para cima de 100 nacionalidades" e exortou os catequistas a ter em consideração "o quadro mental, a experiência individual coletiva, a sensiblidade" do lugar onde se faz a inculturação da fé.
"Se olharmos para a ação de Jesus ísso que ele faz. Utiliza histórias que todos conheciam e transcende-a . Fala de coisas que todos compreendiam e dá-lhes um sentido mais profundo".
D. Manuel Clemente pediu "atenção dos diversos auditórios" para que todos "consigam apropriar-se da mensagem central porque toda a linguagem é cultural".
"O próprio Diretório para a Catequese nos pede esta atenção e adequação aos vários grups a quem nos dirigimos", considerou.
Educris|12.04.2021