EMRC em Taizé: «A Experiência da vida»

Mais de 2 mil alunos de EMRC vivem semana de carnaval em Taizé

Fernando Batista

Professor de EMRC, na Comunidade Ecuménica de Taizé

Durante uma semana. Estamos em Taizé cerca de 2250 portugueses mais umas centenas de outros grupos oriundos um pouco de toda a Europa. Até chegar aqui demorámos cerca de 22 horas de viagem de autocarro. Por exemplo da diocese de Aveiro trouxemos 12 autocarros.

Mas chegados cá ficamos ávidos pelo contato com todos os outros e pelos toques dos sinos. Sim, os sinos tocam! Chamam, durante 10 minutos, todos, de todos os lugares da comunidade. É o verdadeiro chamamento à oração onde cantamos, refletimos e fazemos silêncio. Esta oração fascina pela simplicidade. Um grupo de reflexão formado por jovens de várias dioceses de Portugal disseram: aqui sentimo-nos livres e é no silêncio que encontramos as respostas mais claras. Estar em Taizé, descobrir o espírito de Taizé só fazendo parte dos Grupos de reflexão “é onde te descobres e descobres os outros”.

O grupo do qual sou o personal contact resume nesta letra que musicámos a sua experiência de Taizé:

   Ouvi dizer

Se eu acordasse todo o dia com o som dos sinos

Onde é que eu iria? O que é que eu faria?

Saía do quarto e descobriria

A caminho da igreja

Eu iria

Para viver as

Oração do dia

 

Em Taizé tudo fica tão belo

Como o azul, o verde e o amarelo

O preto e branco tem cor

A vida tem mais valor

E pouco a pouco, o vazio se completa.

 

Às vezes sentimos que o tempo é pouco

E mais uma semana era o ideal para partimos

À descoberta, mantermos a mente aberta,

Para voltar...

 

Ouvi dizer

Que Taizé é o paraíso na terra

E coisas que eu nunca senti

Coisas que eu nunca vivi

Só aqui em Taizé

É que eu percebi quem era

Coisas que eu só entendi

Quando cheguei aqui.

   

Não sei o que sinto, mas sinto a calma… é diferente

Um aluno partilhou a sua experiência com todos e disse que não sabe dizer, explicar o que está a viver aqui, simplesmente sente que é diferente e sente muita calma dentro de si.

Para a professora Cláudia do Agrupamento de Escolas de Águeda Sul voltar a Taizé porque gosto de vir para um sítio onde desligamos completamente da nossa realidade e consigo levar ferramentas que uso ao longo do ano e quero que seja para toda a vida, como é criar momentos de silêncio que me ajudam a reequilibrar. Regressar de Taizé leva-me ao choque com a realidade com a azáfama do quotidiano.

Já o professor Carlos do mesmo Agrupamento de escolas diz que é a primeira vez em Taizé e que tinha curiosidade pelos testemunhos empolgantes de professores e alunos que tinham experimentado um sentimento de grande companheirismo aqui, vim para experienciar o mesmo. Se tivesse de resumir a uma só palavra estes dias vividos aqui seria: FELICIDADE.

Uma “Paz Espiritual” que se transforma em “inquietude”

Eu na última vez que estive em Taizé, quase nos últimos dias, um grupo de Alunas do Colégio Sagrado Coração de Maria de Lisboa, perguntaram-me o que queria levar para Portugal? Eu respondi “paz espiritual”. Passadas umas horas o meu telemóvel toca, era de Portugal, atendi. Do outro lado uma voz de uma senhora disse “você não me conhece, mas o meu filho já fez uma risoterapia consigo há dois anos quando andava no quarto ano, numa aula de EMRC em Vieira de Leira, tinha 9 anos. Há um mês descobrimos que ele tinha cancro na boca. Vai ser batizado em breve em gostávamos que viesse fazer risoterapia no batizado, pois ele ainda tem o nariz vermelho na sua mesa de cabeceira e fala da risoterapia. Era um desafio de evangelizar pelo sorriso. Eu acedi prontamente e fiz a proposta de os alunos que estavam comigo de irem também. Fui até à igreja e falei com Deus: “pedi paz espiritual e Tu deste-me esta missão” percebi no silêncio e na reflexão que a paz espiritual não é zen, é sim paz inquieta, que impele a agir, ir ao encontro de Deus que habita no próximo e permite a comunhão de Deus que habita em mim com Deus que habita no próximo.

Neste ano, depois de muito silêncio e reflexão, arrisco a voltar a pedir paz espiritual, o que quer que isso signifique.

Educris|27.02.2020



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