Ajuda à Igreja que Sofre distribuiu 100 milhões em 2019

Doadores portugueses contribuiram com mais de 3 milhões em «ajuda solidária» que visou, prioritariamente, os continentes Asiático e Africano

Foram mais de 100 milhões de euros de ajuda ao trabalho pastoral da Igreja em 2019. A verba, arrecadada ao longo do ano passado, permitiu o apoio direto a 5.230 projectos assistenciais em 139 países, com destaque para África e Médio Oriente, revela o relatório da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) hoje tornado público.

Com 23 secretariados nacionais – um deles em Portugal – e mais de 330 mil benfeitores, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre [ACN, na sua designação internacional] volta a revelar-se determinante no esforço solidário para com as comunidades cristãs vítimas de perseguição religiosa, violência e discriminação.

África foi, de novo, o continente em que mais se materializou a ajuda solidária dos benfeitores da AIS. Foram exactamente 1.766 projectos que ganharam vida em 2019.

Destaque para a NigériaCamarões e Burkina Faso, países onde o fundamentalismo islâmico e o terrorismo têm vindo a revelar-se das principais ameaças à vida das populações. A Igreja nestes três países foi apoiada num total de cerca de 3 milhões de euros, o que correspondeu ao financiamento a mais de 260 projectos.

Mas o país que beneficiou da maior ajuda em África foi a República Democrática do Congo, palco também de incessantes e sangrentos conflitos e que muitas vezes parece ter caído no esquecimento da comunidade internacional. A generosidade dos benfeitores da Fundação AIS permitiu concretizar 268 projectos neste país, num total de 3,3 milhões de euros.

A par de África, o Médio Oriente voltou a concentrar também grande parte da ajuda internacional da fundação pontifícia. Uma ajuda que se justifica pela ameaça constante à sobrevivência das próprias comunidades cristãs nesta região do globo.

A Síria, em guerra há uma década, e o Iraque, onde persistem no quotidiano vestígios da violência brutal que grupos jihadistas exerceram sobre os cristãos, voltaram a beneficiar do apoio da Ajuda à Igreja que Sofre.

Na Síria foram financiados 132 projectos, num total de quase 7,6 milhões de euros. Para o Iraque, manteve-se o trabalho, iniciado em anos anteriores, de reconstrução de mais de 6 mil casas pertencentes à comunidade cristã.

Paralelamente, teve início uma nova fase de reparação e reconstrução de locais de culto, capelas, igrejas e mosteiros, de forma a se criar as condições para um retomar pleno da vida espiritual dos cristãos, facilitando assim o regresso às suas aldeias e vilas de onde foram expulsos pelos militantes jihadistas no Verão de 2014.

Dos 50 principais projectos aprovados no Iraque no ano passado, sobressai a reconstrução da catedral de Al-Tahira, em Qaraqosh, considerada como a maior igreja cristã do país.

Ucrânia, Venezuela, Paquistão e Índia são outros países, noutras latitudes, que também merecem destaque no Relatório Anual da Fundação AIS sobre o ano de 2019. A Ucrânia, afectada ainda pela guerra e pela pobreza, foi considerada como um país prioritário na Europa de Leste, com quase três centenas de projectos num valor global de cerca de 4 milhões de euros.

Venezuela, na América Latina, liderou a ajuda neste continente a par do Brasil. No total, foram 108 projectos em que se procurou auxiliar o povo venezuelano que atravessa uma das mais profundas crises da sua história, com reflexo trágico na vida e na sobrevivência de milhões de pessoas. O apoio da Fundação AIS ajudou a materializar, por exemplo, projectos solidários promovidos pelas paróquias para a alimentação das famílias mais desfavorecidas.

Na Ásia, Paquistão e Índia mereceram uma particular atenção pois são dois países em que os cristãos continuam a ser vítimas de intolerância e perseguição por motivos religiosos. O fanatismo islâmico, no Paquistão, e o extremismo hindu, na Índia, continuaram a alimentar a discriminação e a violência contra a minoritária comunidade cristã.

O trabalho da Fundação AIS também se expressou fora do contexto geográfico. Exemplo disso, os 1.378.635 estipêndios de Missa que foram celebradas em 2019 pelas intenções dos seus benfeitores. A celebração destas Missas representou cerca de 16% do total de donativos angariado no ano passado, permitindo apoiar directamente 40 mil padres em todo o mundo.

Da mesma forma, a Fundação AIS apoiou 16.200 jovens seminaristas. Ajudar aqueles que decidiram entregar as suas vidas a Deus e à comunidade é, desde a primeira hora, um dos objectivos da Fundação AIS tal como foi idealizada pelo Padre Werenfried van Straaten.

A dimensão desta ajuda traduz-se num dado estatístico poderoso: um em cada dez sacerdotes foi apoiado pela Fundação AIS em 2019, tal como um em cada sete seminaristas.

O ano de 2019 marcou também o reforço dos programas de apoio às congregações religiosas que desenvolvem um trabalho insubstituível junto das populações que vivem normalmente nas regiões mais periféricas, nas zonas onde persistem conflitos armados, onde pululam grupos terroristas e de malfeitores, e nas regiões mais inacessíveis, no meio das florestas ou nas montanhas. Foram mais de 13 mil irmãs que, graças à generosidade dos benfeitores da AIS, puderam levar até aos mais pobres e vulneráveis a certeza da ternura de Deus.

E para levar essa ternura de Deus, muitas irmãs, assim como muitos sacerdotes, catequistas e leigos deslocaram-se, provavelmente, num dos muitos automóveis, motas ou bicicletas oferecidas pela Fundação AIS. No total, foram 750 veículos, a que não faltaram 4 autocarros, 3 camiões e até 12 pequenos barcos.

Portugal na «linha da frente da solidariedade»

Tal como a nível internacional, em Portugal a Fundação AIS registou no ano passado um valor idêntico a 2018, com cerca de 3 milhões de euros de donativos.

Para a diretora do secretariado português, estes valores confirmam, "uma vez mais, a enorme generosidade dos benfeitores e amigos da AIS em Portugal, a quem agradeço do fundo do coração, assim como o seu empenho e solidariedade para com a Igreja que sofre no mundo".

Catarina Martins de Bettencourt sublinha "o exemplo de solidariedade e apoio aos Cristãos perseguidos no mundo" que os benfeitores portugueses da instituição voltaram a dar. "Por isso, não me canso de dizer muito, muito obrigada!".

Educris|18.06.2020



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