Ângelus: «Pecadores mas não escravos; Filhos de Deus»

Na manhã deste Domingo o Papa Francisco recitou, no Vaticano, a oração mariana do Ângelus perante milhares de fiéis. Na sua reflexão lembrou a novidade do Deus cristão “ e da salvação trazida por Jesus” e desafiou os presentes a viverem “uma fé espantada e agradecida” na certeza de que “somos pecadores mas não escravos – filhos de Deus”.

Leia, na íntegra, a alocução do Santo Padre

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Este segundo domingo do tempo comum coloca-se na continuidade com a Epifania e com a festa do batismo de Jesus. A passagem do Evangelho (cf. Jo 1, 29-34) ainda nos fala da manifestação de Jesus. De facto, depois de ser batizado na Rio Jordão, Ele foi consagrado pelo Espírito Santo, que repousava sobre Ele e foi proclamado Filho de Deus pela voz do Pai celestial (cf. Mt 3, 16-17). O evangelista João, ao contrário dos outros três, não descreve o acontecimento, mas oferece-nos o testemunho de João Batista. Ele foi a primeira testemunha de Cristo. Deus chamou-o e preparou-o para isto.

O Batista não pode conter o desejo urgente de testemunhar a Jesus e declara: «Eu vi e testemunhei» (v. 34). João viu algo chocante, isto é, o amado Filho de Deus em solidariedade com os pecadores; e o Espírito Santo fê-lo entender o inédito da novidade, uma verdadeira inversão. De facto, enquanto em todas as religiões é o homem que oferece e sacrifica algo a Deus, no caso de Jesus é Deus quem oferece o seu Filho para a salvação da humanidade. João manifesta o seu espanto e seu assentimento perante tal novidade trazida por Jesus, através de uma expressão viva que repetimos em todas as missas: «Eis o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo!» (V. 29).

O testemunho de João Batista convida-nos a começar de novo a nossa jornada de fé: a partir de Jesus Cristo, o Cordeiro cheio de misericórdia que o Pai nos deu. Sejamos novamente surpreendidos pela escolha de Deus de estar ao nosso lado, de sermos solidários com os pecadores e de salvar o mundo do mal, assumindo o controlo totalmente.

Aprendamos com João Batista a não presumir que já conhecemos Jesus, que já sabemos tudo sobre ele (cf. v. 31). Não é deste modo. Retenhamo-nos no Evangelho, talvez até contemplando um ícone de Cristo, uma "face santa". Contemplemos com os olhos e ainda mais com o coração; e deixemo-nos instruir pelo Espírito Santo, que nos diz por dentro: É Ele! Ele é o Filho de Deus feito cordeiro, imolado por amor. Ele, somente Ele trouxe, Somente Ele sofreu, expiou o pecado de cada um de nós, o pecado do mundo, e também os meus pecados. Tudo. Ele carregou-os a todos em si mesmo e tirou-os de nós, para que pudéssemos finalmente ser livres, não mais escravos do mal. Sim, ainda somos pobres pecadores, mas não escravos, não, não escravos: filhos, filhos de Deus!

Que a Virgem Maria nos obtenha forças para testemunharmos o seu Filho Jesus; anunciar com alegria uma vida livre do mal e uma palavra cheia de fé espantada e agradecida.

Educris|19.01.2020

Tradução a partir do original em italiano



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